Portugal, estando eu longe, continua a cansar-me. As pessoas (não todas, naturalmente) cansam-me, a dança das cadeiras política cansa-me, a pessoa que se diz nosso presidente cansa-me, os líderes do centrão político cansam-me, o secretário-geral do Partido Comunista (o partido com que mais me identifico, embora não tenha partido) está cansado, tem ideias cansadas e lá está... cansa-me. O Bloco de Esquerda é um partido do não que assim que cheirou o poder começou a dizer sim (vamos lá ver se conseguem - lá chegando - continuar a ter aquela voz contestária que sempre tiveram) e o PP, bem, o PP devia ter mudado o nome para partido sanguessuga ou então pelo menos assumir de vez o fim da sua tendência democrata-cristã e juntar-se ao PSD de vez... pelo menos não enganava o eleitorado.
O povo Português é aquele tipo de povo que apenas se sabe queixar, queixar, queixar, manifestar (mas que não afecte as nossas idas ao shopping ou à praia) e depois, quando existe uma hipótese de mudar... votam nos mesmos. Votam no centrão (seja PS ou PSD) e admiram-se quando os dois partidos (que são quase iguais) se digladiam como comadres avariadas pelo poder. Por um lado compreendo: por muito que se apresentem "alternativas" não existe uma ideia de mudança no país: o PCP continua a ser um partido com tiques estalinistas e com uma liderança envelhecida e com ideias ultrapassadas (sim, meus caros, o comunismo - da forma que o conhecemos - não resulta, embora seja possível um novo paradigma do mesmo), o Bloco de Esquerda é um aglomerado de chorões (a Catarina Martins a dizer "quem manda sou eu" é remanscente das purgas do PCP nos anos 90), o PAN - com a meritória plataforma que tem - esqueceu-se dos outros pontos, o PEV é um partido que é um partido dentro de uma coligação tão dominada pelo maior partido que ninguém se lembra deles... Dos partidos não parlamentares, são simplesmente offshots de outros partidos com a mesma sede de poder ou xenófobos como o PNR...
Portugal poderia sobreviver de uma forma semelhante à da Suiça: tudo poderia ir a referendo, não interessa que partido esteja no poder - o povo é que decide. Mas claro que para isso, não poderia o povo Português gostar tanto de coçar os tomates e ficar em casa a vir a Quinta das Celebridades... Porque se um dos referendos fosse num dia de gala de um qualquer reality show, o povo pensaria "quero lá saber do referendo, quero saber quem vai sair da casa" e ninguém metia lá os cotos...
Pronto, depois deste rant, podem sair com bandeiras de Portugal a gritar que não querem a troika e os refugiados, mas só durante 2 horas, que depois começa a bola e os centros comerciais fecham...
Postas de Pescada Fresquinhas, de um Gajo meio parvo ou a vida de um Idiota Romântico
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domingo, 18 de outubro de 2015
domingo, 9 de agosto de 2015
Da Esperança num Mundo Melhor ou Como as Pessoas Boas ainda Existem
Não tenho escrito muito, por razões várias. Primeiro, porque sou preguiçoso e a minha mente não está para pensar. Em segundo lugar, porque não tenho visto neste nosso pequeno mundo algo que me faça querer escrever. Estou farto de apenas ver tragédias, mortes, problemas, desespero e coisas semelhantes.
Hoje, apeteceu-me escrever. Vi algo que me fez ter esperança num mundo melhor, sem guerra e sem desespero, sem ódio e sem malícia. Vi este artigo de um jornal português, em que uma polícia israelita foi protegida por palestinianos e pensei: "Bolas, parece que ainda existe gente que se preocupa mais com seres humanos do que com política!" e fiquei feliz. Muito feliz. Porque, por mais pequena que seja, é uma prova que o mundo ainda tem esperança e pessoas boas.
E pronto, era isto. Tenham uma boa noite.
sábado, 25 de julho de 2015
Viver com Epilepsia ou a Tentativa de Uma Vida Normal
Não tenho por hábito falar disto, uma vez que se trata da minha vida pessoal e não gosto de incomodar as pessoas com relatos do que é viver com uma doença crónica - todos nós temos problemas, de um tipo ou de outro, e ninguém tem que me aturar os desabafos.
Mas também não escondo de ninguém (amigos, colegas, chefes) que sou epiléptico e que a qualquer momento me pode dar uma traquitana e começar a estrebuchar no chão e a babar-me como um rottweiler com raiva. Não me parece que seja epiléptico seja nenhum motivo de vergonha, mas são exactamente algumas atitudes que já experienciei que me levam a escrever hoje.
A epilepsia não é uma doença fácil de controlar. Exige moderação em tudo - moderação essa que não é fácil de praticar para mim - e medicação constante, medicação essa que impede ataques mais graves, mas que também nos torna um pouco em zombies e que leva a alterações de humor constantes, o que, admitamos, não é nada agradavél para quem vive connosco e tem que nos aturar.
Supostamente, com epilepsia, não podemos trabalhar com computadores (a minha profissão), não podemos beber café (o meu maior vício) nem podemos beber álcool (embora não seja alcóolico, também não sou abstémio de todo). Não posso estar em locais com muitas luzes (discotecas incluídas, embora isso nada me incomode) nem posso viver sozinho por muito tempo, uma vez que um ataque epiléptico sem ter ninguém que me ajude me pode levar desta para melhor (o que para uma pessoa um pouco anti-social como eu não é fácil).
Existem pessoas que comentam que eu sou distraído, que referem a minha abstração de formas menos agradáveis (usualmente pelas costas, mas tudo se sabe, meus amigos) e que se esquecem que viver com algo que nos pode transformar num vegetal dependente de outros (pelo menos durante algumas horas ou dias) a qualquer momento não é nada fácil.
Fazer EEG's todos os semestres, perder tempo em hospitais e farmácias a tentar encontrar a dose certa do medicamento (o tal que nos transforma em zombies) também não é a melhor forma de passar os dias. Não poder conduzir, não poder ir para locais mais exóticos onde o dito medicamento não exista, não poder estar em locais com muito barulho, ser muitas vezes rude com pessoas apenas porque nos dói imenso a cabeça também não ajuda a ter uma vida social decente. Além disso, a vida amorosa sofre bastante - quem raio quer passar o resto da vida com uma pessoa que pode virar uma beterraba de um momento para o outro (para além de poder morder e partir metade dos móveis na casa e alguns dentes quando tem um ataque)?
A coisa engraçada da epilepsia é que, sendo uma doença que afecta milhões de pessoas, tem uma terrível falta de informação sobre ela. Sempre que digo que sou epiléptico, a primeira questão (depois do eventual "coitadinho" e de me perguntarem se me vai dar um ataque e porque estou a beber café) é "se te der uma coisa, o que é que eu faço???". Ninguém - a não ser que tenha um epiléptico na família - sabe o que fazer na eventualidade de um ataque e parecem ficar muito assustados por fazermos uma vida normal (ou tentarmos).
Sendo uma doença crónica, outra coisa que me dói é termos que pagar por medicamentos. Senhores, eu não posso viver sem o ácido valpróico - ou transformo-me numa batata. Não tenho tempo para ir a um neurologista sempre que preciso de medicamentos - digamos que os hospitais públicos não os têm em abundância e os neurologistas privados são um "pouco" caros (para não pensarem que estou a exagerar, estive uma vez num hospital público 12 horas a aguardar consulta, já que as consultas de neurologia levam tempo, e quando fui a um neurologista privado, tive 4 minutos de consulta - o diagnóstico dele depois de olhar para o EEG foi "você tem epilepsia", como se eu não soubesse já e paguei 80 Euros) e se for com uma receita de um médico de família, tenho que pagar.
Peço desculpa pelo rant, mas quando alguém me chama retardado por ter epilepsia, tendem a acontecer estas coisas.
Mas também não escondo de ninguém (amigos, colegas, chefes) que sou epiléptico e que a qualquer momento me pode dar uma traquitana e começar a estrebuchar no chão e a babar-me como um rottweiler com raiva. Não me parece que seja epiléptico seja nenhum motivo de vergonha, mas são exactamente algumas atitudes que já experienciei que me levam a escrever hoje.
A epilepsia não é uma doença fácil de controlar. Exige moderação em tudo - moderação essa que não é fácil de praticar para mim - e medicação constante, medicação essa que impede ataques mais graves, mas que também nos torna um pouco em zombies e que leva a alterações de humor constantes, o que, admitamos, não é nada agradavél para quem vive connosco e tem que nos aturar.
Supostamente, com epilepsia, não podemos trabalhar com computadores (a minha profissão), não podemos beber café (o meu maior vício) nem podemos beber álcool (embora não seja alcóolico, também não sou abstémio de todo). Não posso estar em locais com muitas luzes (discotecas incluídas, embora isso nada me incomode) nem posso viver sozinho por muito tempo, uma vez que um ataque epiléptico sem ter ninguém que me ajude me pode levar desta para melhor (o que para uma pessoa um pouco anti-social como eu não é fácil).
Existem pessoas que comentam que eu sou distraído, que referem a minha abstração de formas menos agradáveis (usualmente pelas costas, mas tudo se sabe, meus amigos) e que se esquecem que viver com algo que nos pode transformar num vegetal dependente de outros (pelo menos durante algumas horas ou dias) a qualquer momento não é nada fácil.
Fazer EEG's todos os semestres, perder tempo em hospitais e farmácias a tentar encontrar a dose certa do medicamento (o tal que nos transforma em zombies) também não é a melhor forma de passar os dias. Não poder conduzir, não poder ir para locais mais exóticos onde o dito medicamento não exista, não poder estar em locais com muito barulho, ser muitas vezes rude com pessoas apenas porque nos dói imenso a cabeça também não ajuda a ter uma vida social decente. Além disso, a vida amorosa sofre bastante - quem raio quer passar o resto da vida com uma pessoa que pode virar uma beterraba de um momento para o outro (para além de poder morder e partir metade dos móveis na casa e alguns dentes quando tem um ataque)?
A coisa engraçada da epilepsia é que, sendo uma doença que afecta milhões de pessoas, tem uma terrível falta de informação sobre ela. Sempre que digo que sou epiléptico, a primeira questão (depois do eventual "coitadinho" e de me perguntarem se me vai dar um ataque e porque estou a beber café) é "se te der uma coisa, o que é que eu faço???". Ninguém - a não ser que tenha um epiléptico na família - sabe o que fazer na eventualidade de um ataque e parecem ficar muito assustados por fazermos uma vida normal (ou tentarmos).
Sendo uma doença crónica, outra coisa que me dói é termos que pagar por medicamentos. Senhores, eu não posso viver sem o ácido valpróico - ou transformo-me numa batata. Não tenho tempo para ir a um neurologista sempre que preciso de medicamentos - digamos que os hospitais públicos não os têm em abundância e os neurologistas privados são um "pouco" caros (para não pensarem que estou a exagerar, estive uma vez num hospital público 12 horas a aguardar consulta, já que as consultas de neurologia levam tempo, e quando fui a um neurologista privado, tive 4 minutos de consulta - o diagnóstico dele depois de olhar para o EEG foi "você tem epilepsia", como se eu não soubesse já e paguei 80 Euros) e se for com uma receita de um médico de família, tenho que pagar.
Peço desculpa pelo rant, mas quando alguém me chama retardado por ter epilepsia, tendem a acontecer estas coisas.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Democracia Europeia ou a União dos Poderosos
Ainda só posso levantar 60€ por dia. Que na verdade são 50€, pois os ATM's nunca têm notas de 20. Não existem transferências para o estrangeiro - a não ser para pagar despesas médicas ou de educação - e só posso comprar online se a empresa que vende tiver conta num banco grego.
Tudo aumentou. Não muito, mas nota-se. 10 cêntimos no café - já de si caro - e 40 cêntimos no souvlaki - a nossa fast-food. Muitas bombas de gasolina não aceitam cartões, mas pelo menos os bancos reabriram - mas não se podem abrir contas novas. Nem levantar dinheiro. Nem transferir dinheiro de uma conta para outra (mesmo que seja grega).
Parece que as pessoas estão a tentar viver normalmente, mas existe um peso que se sente no ar. Passou a esperança - veio a incerteza. Possivelmente poderia ter sido diferente. Se os governos do Sul, em vez de terem tido medo de perderem as eleições - tivessem pensado no povo que sofre.
A austeridade não funciona. Nada resolve. Está mais que provado - vezes sem conta economistas o disseram. O que fazemos quando um medicamento não funciona? Segundo a União Europeia, continuamos a tomá-lo, na vã esperança que funcione, até que morramos todos de uma overdose de um medicamento que não é de todo apropriado para a maleita.
A União Europeia foi criada como um baluarte de Democracia. Mas é uma democracia que funciona se todos fizerem o que os países mais poderosos querem. Se alguém tentar sair da linha aprovada, iremos esmagar e humilhar esse país o mais possível.
Este é um texto desiludido. Infelizmente. Mas já não acredito nesta Europa.
Tudo aumentou. Não muito, mas nota-se. 10 cêntimos no café - já de si caro - e 40 cêntimos no souvlaki - a nossa fast-food. Muitas bombas de gasolina não aceitam cartões, mas pelo menos os bancos reabriram - mas não se podem abrir contas novas. Nem levantar dinheiro. Nem transferir dinheiro de uma conta para outra (mesmo que seja grega).
Parece que as pessoas estão a tentar viver normalmente, mas existe um peso que se sente no ar. Passou a esperança - veio a incerteza. Possivelmente poderia ter sido diferente. Se os governos do Sul, em vez de terem tido medo de perderem as eleições - tivessem pensado no povo que sofre.
A austeridade não funciona. Nada resolve. Está mais que provado - vezes sem conta economistas o disseram. O que fazemos quando um medicamento não funciona? Segundo a União Europeia, continuamos a tomá-lo, na vã esperança que funcione, até que morramos todos de uma overdose de um medicamento que não é de todo apropriado para a maleita.
A União Europeia foi criada como um baluarte de Democracia. Mas é uma democracia que funciona se todos fizerem o que os países mais poderosos querem. Se alguém tentar sair da linha aprovada, iremos esmagar e humilhar esse país o mais possível.
Este é um texto desiludido. Infelizmente. Mas já não acredito nesta Europa.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
A Perdição
Esta imagem, acima, é a melhor coisa que os Gregos inventaram. Sim, é fast food, mas é tão melhor do que qualquer hamburger. Quem está na Grécia sabe o que é. Quem não está... Lamentamos.
"Ai Jesus" ou a Novela do Verão
Duas postas de pescada sobre Futebol seguidas? O que está errado comigo? Nada, sou o típico gajo que gosta de Futebol embora que diga que não, não estou acima de perder 90 minutos da minha vida a ver gente a correr atrás de uma bola.
Como disse no meu post anterior, sou Benfiquista assumido, sem apelo nem agravo. Logo, quando me disseram que o Jorge Jesus ia para os nossos queridos inimigos (nada tenho contra o Sporting, muito pelo contrário, como todos os Sportinguistas que me conhecem sabem), fiquei, digamos, em choque. A expressão mais correcta seria "aparvalhado", mas não tenho a certeza que exista.
Ao contrário de muitos benfiquistas, fui dos que sempre gostaram do Jesus (do Jesus, não de Jesus, que não sou cristão). O homem pode ter muito defeito (um ego um bocado grande, uma mania que é um bocado melhor que toda a gente), mas o certo é que é genuíno e não esconde quem é. Pode não saber falar português, ter uma tendência grandita para gaffes e pontapés na gramática, mas percebe daquilo que faz, e não é por ir para um clube diferente que deixa de perceber.
Como alguém disse, o risco é maior para Jesus do que para o Benfica. Sem querer menosprezar o Sporting Clube de Portugal, o que é certo é que está em processo de restruturação (e bem feita, por muito que não seja um fã do Bruno de Carvalho) e que só este ano conseguiu ganhar alguma coisa. Jesus sai de um clube que conhece bem, onde foi três vezes campeão, chegou duas vezes a finais europeias e onde ganhou alguns títulos menores, para ir para um clube onde irá começar, não digo do zero, mas com bem menos matéria-prima para vencer. Por outro lado, estando o Sporting no dito processo de renascimento, a pressão de ganhar será bem menor. Os adeptos Sportinguistas são mais pacientes do que os do Benfica ou os do Futebol Clube do Porto, e estão como estava o Benfica quando Camacho veio - ficariam satisfeitos com um treinador que ganhe uns títulos, mas não exigem o campeonato (pelo menos no primeiro ano).
Passemos agora à minha opinião pessoal sobre as razões que levaram Jesus a mudar:
1) Jorge Jesus já ganhou tudo o que podia ganhar no Benfica. A ambição dele seria ganhar uma taça europeia, mas depois de duas finais perdidas, compreendeu que não seria fácil, para não dizer impossível.
2) Jorge Jesus nunca escondeu o seu Sportinguismo (o pai foi jogador do mesmo plantel dos cinco violinos). Tendo 60 anos, seria a última oportunidade de treinar o clube do coração. Vendo que não conseguiria ganhar mais no Benfica (nem financeiramente nem desportivamente), e não querendo ir para o estrangeiro (não me parece que seja homem de embarcar em grandes aventuras, muito menos com a idade que tem), e não havendo nenhum clube Português que lhe pudesse pagar mais do que recebia no Benfica, optou (sendo profissional), a segunda melhor hipótese: ganhar menos - pelo menos segundo o que nos dizem - treinando o clube do coração e tendo controle completo sobre o plantel.
3) Diz-se que Jesus só ganha porque está num clube com muito dinheiro (ou pelo menos, muito dinheiro virtual, que o passivo não é brincadeira). Jesus gostava de ter jogadores de topo, que lhe pudessem garantir a Europa. Vieira quer reduzir custos e apostar na formação. Formação por formação e menos dinheiro por menos dinheiro (seja para jogadores seja para o ordenado), mais vale aproveitar o crepúsculo da carreira para ir para o clube de sonho dele. Como bónus (que eu como Benfiquista, espero que não aconteça), se ganhar alguma coisa, estará provada a sua qualidade como treinador (da qual não duvido, mas existe muita gente que duvida, e que tem todo o direito em duvidar).
4) O Sporting, mais uma vez sem menosprezar o clube, é um clube que não coloca, neste momento, tanta pressão nos treinadores. Os adeptos podem esperar mais tempo, não são tão impacientes, e (embora ambicionem, como todas as grandes equipas, serem campeões), não se importarão (pelo menos durante o princípio da carreira de Jesus) de ficar em segundo lugar e talvez de ganhar uma taça e fazer uma figura razoável nas competições Europeias. Jesus terá um estado de graça, sendo visto como salvador, durante alguns meses - a não ser que as coisas corram muito mal. Algo que secretamente, todos os Benfiquistas desejam, claro.
Bem, aqui está a minha opinião sobre a melhor novela futebolística dos últimos anos (porque a detenção de dirigentes da FIFA não tem piada nenhuma, é apenas trágica para o desporto rei), e espero sinceramente que ninguém se sinta ofendido!
PS: Se posso pedir coisas ao Pai Natal, e já que estamos em altura de surpresas, gostaria que o Jurgen Klopp viesse para o Benfica (eu sei, eu sei, mas não custa sonhar). Se não for possível, podemos roubar o Marco Silva? Não sou grande fã do Rui Vitória. Senhor Luís Filipe Vieira, tire lá um coelho da cartola. Muito Obrigado!
Como disse no meu post anterior, sou Benfiquista assumido, sem apelo nem agravo. Logo, quando me disseram que o Jorge Jesus ia para os nossos queridos inimigos (nada tenho contra o Sporting, muito pelo contrário, como todos os Sportinguistas que me conhecem sabem), fiquei, digamos, em choque. A expressão mais correcta seria "aparvalhado", mas não tenho a certeza que exista.
Ao contrário de muitos benfiquistas, fui dos que sempre gostaram do Jesus (do Jesus, não de Jesus, que não sou cristão). O homem pode ter muito defeito (um ego um bocado grande, uma mania que é um bocado melhor que toda a gente), mas o certo é que é genuíno e não esconde quem é. Pode não saber falar português, ter uma tendência grandita para gaffes e pontapés na gramática, mas percebe daquilo que faz, e não é por ir para um clube diferente que deixa de perceber.
Como alguém disse, o risco é maior para Jesus do que para o Benfica. Sem querer menosprezar o Sporting Clube de Portugal, o que é certo é que está em processo de restruturação (e bem feita, por muito que não seja um fã do Bruno de Carvalho) e que só este ano conseguiu ganhar alguma coisa. Jesus sai de um clube que conhece bem, onde foi três vezes campeão, chegou duas vezes a finais europeias e onde ganhou alguns títulos menores, para ir para um clube onde irá começar, não digo do zero, mas com bem menos matéria-prima para vencer. Por outro lado, estando o Sporting no dito processo de renascimento, a pressão de ganhar será bem menor. Os adeptos Sportinguistas são mais pacientes do que os do Benfica ou os do Futebol Clube do Porto, e estão como estava o Benfica quando Camacho veio - ficariam satisfeitos com um treinador que ganhe uns títulos, mas não exigem o campeonato (pelo menos no primeiro ano).
Passemos agora à minha opinião pessoal sobre as razões que levaram Jesus a mudar:
1) Jorge Jesus já ganhou tudo o que podia ganhar no Benfica. A ambição dele seria ganhar uma taça europeia, mas depois de duas finais perdidas, compreendeu que não seria fácil, para não dizer impossível.
2) Jorge Jesus nunca escondeu o seu Sportinguismo (o pai foi jogador do mesmo plantel dos cinco violinos). Tendo 60 anos, seria a última oportunidade de treinar o clube do coração. Vendo que não conseguiria ganhar mais no Benfica (nem financeiramente nem desportivamente), e não querendo ir para o estrangeiro (não me parece que seja homem de embarcar em grandes aventuras, muito menos com a idade que tem), e não havendo nenhum clube Português que lhe pudesse pagar mais do que recebia no Benfica, optou (sendo profissional), a segunda melhor hipótese: ganhar menos - pelo menos segundo o que nos dizem - treinando o clube do coração e tendo controle completo sobre o plantel.
3) Diz-se que Jesus só ganha porque está num clube com muito dinheiro (ou pelo menos, muito dinheiro virtual, que o passivo não é brincadeira). Jesus gostava de ter jogadores de topo, que lhe pudessem garantir a Europa. Vieira quer reduzir custos e apostar na formação. Formação por formação e menos dinheiro por menos dinheiro (seja para jogadores seja para o ordenado), mais vale aproveitar o crepúsculo da carreira para ir para o clube de sonho dele. Como bónus (que eu como Benfiquista, espero que não aconteça), se ganhar alguma coisa, estará provada a sua qualidade como treinador (da qual não duvido, mas existe muita gente que duvida, e que tem todo o direito em duvidar).
4) O Sporting, mais uma vez sem menosprezar o clube, é um clube que não coloca, neste momento, tanta pressão nos treinadores. Os adeptos podem esperar mais tempo, não são tão impacientes, e (embora ambicionem, como todas as grandes equipas, serem campeões), não se importarão (pelo menos durante o princípio da carreira de Jesus) de ficar em segundo lugar e talvez de ganhar uma taça e fazer uma figura razoável nas competições Europeias. Jesus terá um estado de graça, sendo visto como salvador, durante alguns meses - a não ser que as coisas corram muito mal. Algo que secretamente, todos os Benfiquistas desejam, claro.
Bem, aqui está a minha opinião sobre a melhor novela futebolística dos últimos anos (porque a detenção de dirigentes da FIFA não tem piada nenhuma, é apenas trágica para o desporto rei), e espero sinceramente que ninguém se sinta ofendido!
PS: Se posso pedir coisas ao Pai Natal, e já que estamos em altura de surpresas, gostaria que o Jurgen Klopp viesse para o Benfica (eu sei, eu sei, mas não custa sonhar). Se não for possível, podemos roubar o Marco Silva? Não sou grande fã do Rui Vitória. Senhor Luís Filipe Vieira, tire lá um coelho da cartola. Muito Obrigado!
sábado, 30 de maio de 2015
Football Club United of Manchester: O Verdadeiro Futebol
Sou Benfiquista assumido - paixão que me cresceu desde pequeno, com idas ao velhinho Estádio da Luz com o meu pai (não foram muitas, porque já nessa altura os bilhetes eram caros), nadando nas piscinas do Sport Lisboa e Benfica (também nesse velhinho estádio, tendo que atravessar uma ponte que me aterrorizava sempre - quem vive lá perto sabe onde é - tendo a minha mãe muitas vezes que me dar a mão porque eu chorava, tremia e me recusava a passar por lá) e vendo o Benfica a passar alguns dos períodos mais negros da sua história - nasci em 85, lembro-me vagamente do título de 93-94, mas lembro-me bem melhor das épocas de Scott Minto, Martin Pringle, Michael Thomas e outros que tais. Portanto, sou Benfiquista, adepto de um grande clube, que, como todos os grandes clubes, funciona como uma empresa e serve para fazer lucros. Embora ainda não tenha sido comprado por um qualquer milionário, como muitos outros, não deixa de funcionar um pouco como uma corporação - os interesses financeiros sobrepõem-se muitas vezes à paixão pelo futebol.
Toda esta introdução para quê? Para vos dizer, a vocês que gostam de futebol, que hoje encontrei um novo clube para acompanhar e para gostar, para seguir e para apoiar. Este clube não é Português, e na verdade foi o meu estatuto de adepto do Benfica que me levou a conhecê-lo, embora também jogue de vermelho e branco. O novo estádio foi inaugurado recentemente, chama-se Broadhurst Park, e foi a equipa "B" do Sport Lisboa e Benfica que apadrinhou a estreia desta casa nova deste clube tão especial.
E é este clube tão especial porquê e porque merece que eu fale sobre ele neste blog que usualmente não fala assim muito sobre futebol? Por uma razão simples. Este clube é um sonho tornado realidade para quem vive o futebol pelo futebol, com toda a sua rivalidade, mas ainda mais com toda a sua paixão. Alguns anos atrás, o gigante de Manchester (o Manchester United, que o City é outra história) renegou a sua identidade de clube para os adeptos e dos adeptos, e vendeu-se (como tantos outros clubes ingleses) a interesses corporativos vindos de fora (os irmãos Glazer, americanos que já controlam outras equipas desportivas). O clube aumentou o preço dos bilhetes, mudou um pouco a identidade desportiva e aquilo a que chamaríamos - e esta é uma palavra muito querida aos Benfiquistas - mística do grande Manchester. Agora, não era diferente de tantos outros clubes da Premier League - uma corporação destinada a fazer dinheiro, a vender marketing, a comprar jogadores por milhões e vendê-los com lucro e, talvez em último lugar, a ganhar títulos desportivos (algo que continuou a acontecer durante algum tempo, mas que não demorou muito a sujeitar-se a imperativos financeiros). Aparentemente, tinham-se acabado os jogadores de uma equipa só, os ícones e alguma da paixão.
Assim que souberam da intenção dos Glazer comprar o clube, alguns adeptos tentaram impedi-la. Não o conseguiram, porque o dinheiro fala sempre bastante alto. Ao não conseguirem fazê-lo, e continuando a assumir-se como adeptos do Manchester United, resolveram criar um clube que os levasse de volta às raízes - o FC United of Manchester, um nome semelhante para um clube que se quer semelhante ao que o outro seria antes dos Glazer - dos adeptos, para os adeptos. Ao ser fundado, cada sócio fundador teve direito a um voto. Qualquer sócio posterior tem direito a um voto, e o clube é gerido assim, por eleições, numa espécie de democracia directa, que os clubes grandes não possuem nem querem possuir. Cada sócio, como o próprio website do clube diz, é co-propriedade de todos os sócios com mais de 16 anos. Os bilhetes são acessíveis, os preços das quotas são ainda mais, o clube orgulha-se da boa vizinhança com os residentes da zona onde o estádio está instalado (uma nota no site informa os adeptos para não estacionarem nas ruas adjacentes para não perturbar os moradores, sendo que eles precisam daqueles lugares para estacionar), pessoas com dificuldades motoras têm uma bilheteira especial (pagando menos, e a entrada para o acompanhante é gratuita) e a rádio do clube diz que não tem qualquer problema (e até encoraja) com a leitura de mensagens de adeptos das equipas adversárias (e não inimigas, como muita gente em muitos países parece esquecer constantemente, incluíndo os adeptos do meu clube),
O F.C.U.M inaugurou o seu novo estádio, e orgulho-me de terem convidado o Benfica a estar presente. Tenho pena que não tenha sido a equipa principal, mas nem tudo é perfeito. O Benfica "B" venceu por 1-0, resultado diferente do de 1968, que deu ao outro United de Manchester uma Taça dos Campeões Europeus, contra o SLB. Pelos comentários que li, todos os Benfiquistas se orgulharam da presença neste momento tão importante para este clube de sonhadores, que - para além de se ter mudado para casa própria, foi promovido este ano à Conference, entrando pela primeira vez nos campeonatos nacionais de Inglaterra.
Espero, sinceramente - e irei acompanhar o clube para ver o que acontece - que dentro de talvez outros 10 anos, os vejamos a jogar na Premier League, e talvez assistamos a um dos dérbis mais inusitados da história - Manchester United - United of Manchester. E talvez dentro, de outros 10, possamos ter um jogo contra o SLB, no Estádio da Luz, mas desta vez a contar e para a Liga dos Campeões. Sei que é quase impossível, mas Alex Fergunson chamou ao clube o Impossible Dream, e em 10 anos, existe uma casa própria e o clube está num campeonato nacional.
Aparentemente, o dinheiro não é tudo e a paixão e o amor pelo desporto (neste caso específico, pelo Futebol), move montanhas.
Toda esta introdução para quê? Para vos dizer, a vocês que gostam de futebol, que hoje encontrei um novo clube para acompanhar e para gostar, para seguir e para apoiar. Este clube não é Português, e na verdade foi o meu estatuto de adepto do Benfica que me levou a conhecê-lo, embora também jogue de vermelho e branco. O novo estádio foi inaugurado recentemente, chama-se Broadhurst Park, e foi a equipa "B" do Sport Lisboa e Benfica que apadrinhou a estreia desta casa nova deste clube tão especial.
E é este clube tão especial porquê e porque merece que eu fale sobre ele neste blog que usualmente não fala assim muito sobre futebol? Por uma razão simples. Este clube é um sonho tornado realidade para quem vive o futebol pelo futebol, com toda a sua rivalidade, mas ainda mais com toda a sua paixão. Alguns anos atrás, o gigante de Manchester (o Manchester United, que o City é outra história) renegou a sua identidade de clube para os adeptos e dos adeptos, e vendeu-se (como tantos outros clubes ingleses) a interesses corporativos vindos de fora (os irmãos Glazer, americanos que já controlam outras equipas desportivas). O clube aumentou o preço dos bilhetes, mudou um pouco a identidade desportiva e aquilo a que chamaríamos - e esta é uma palavra muito querida aos Benfiquistas - mística do grande Manchester. Agora, não era diferente de tantos outros clubes da Premier League - uma corporação destinada a fazer dinheiro, a vender marketing, a comprar jogadores por milhões e vendê-los com lucro e, talvez em último lugar, a ganhar títulos desportivos (algo que continuou a acontecer durante algum tempo, mas que não demorou muito a sujeitar-se a imperativos financeiros). Aparentemente, tinham-se acabado os jogadores de uma equipa só, os ícones e alguma da paixão.
Assim que souberam da intenção dos Glazer comprar o clube, alguns adeptos tentaram impedi-la. Não o conseguiram, porque o dinheiro fala sempre bastante alto. Ao não conseguirem fazê-lo, e continuando a assumir-se como adeptos do Manchester United, resolveram criar um clube que os levasse de volta às raízes - o FC United of Manchester, um nome semelhante para um clube que se quer semelhante ao que o outro seria antes dos Glazer - dos adeptos, para os adeptos. Ao ser fundado, cada sócio fundador teve direito a um voto. Qualquer sócio posterior tem direito a um voto, e o clube é gerido assim, por eleições, numa espécie de democracia directa, que os clubes grandes não possuem nem querem possuir. Cada sócio, como o próprio website do clube diz, é co-propriedade de todos os sócios com mais de 16 anos. Os bilhetes são acessíveis, os preços das quotas são ainda mais, o clube orgulha-se da boa vizinhança com os residentes da zona onde o estádio está instalado (uma nota no site informa os adeptos para não estacionarem nas ruas adjacentes para não perturbar os moradores, sendo que eles precisam daqueles lugares para estacionar), pessoas com dificuldades motoras têm uma bilheteira especial (pagando menos, e a entrada para o acompanhante é gratuita) e a rádio do clube diz que não tem qualquer problema (e até encoraja) com a leitura de mensagens de adeptos das equipas adversárias (e não inimigas, como muita gente em muitos países parece esquecer constantemente, incluíndo os adeptos do meu clube),
O F.C.U.M inaugurou o seu novo estádio, e orgulho-me de terem convidado o Benfica a estar presente. Tenho pena que não tenha sido a equipa principal, mas nem tudo é perfeito. O Benfica "B" venceu por 1-0, resultado diferente do de 1968, que deu ao outro United de Manchester uma Taça dos Campeões Europeus, contra o SLB. Pelos comentários que li, todos os Benfiquistas se orgulharam da presença neste momento tão importante para este clube de sonhadores, que - para além de se ter mudado para casa própria, foi promovido este ano à Conference, entrando pela primeira vez nos campeonatos nacionais de Inglaterra.
Espero, sinceramente - e irei acompanhar o clube para ver o que acontece - que dentro de talvez outros 10 anos, os vejamos a jogar na Premier League, e talvez assistamos a um dos dérbis mais inusitados da história - Manchester United - United of Manchester. E talvez dentro, de outros 10, possamos ter um jogo contra o SLB, no Estádio da Luz, mas desta vez a contar e para a Liga dos Campeões. Sei que é quase impossível, mas Alex Fergunson chamou ao clube o Impossible Dream, e em 10 anos, existe uma casa própria e o clube está num campeonato nacional.
Aparentemente, o dinheiro não é tudo e a paixão e o amor pelo desporto (neste caso específico, pelo Futebol), move montanhas.
Jogo contra o Benfica "B", na inauguração de Broadhurst Park
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Da Tragédia de Palmyra ou como os extremistas são uma cambada de bestas
O Estado Islâmico (e como me custa chamar-lhes estado) tomou Palmyra, uma cidade património mundial, por onde passaram quase todas as civilizações da história do Mediterrâneo. Isto, por muito que me doa, é um facto e não pode ser negado.
Aquela cambada de bestas, que não são Muçulmanos nem Islâmicos (porque Muçulmanos e Islâmicos são humanos e não animais mentecaptos), arvora-se em defensora de um estilo de governação de acordo com uma lei Islâmica que nem os próprios teólogos conhecem. Esta lei exige que mulheres sejam maltratadas, crianças violadas, povos dizimados, homens escravizados e agora, numa manifestação de terrorismo cultural, cidades históricas sejam destruídas.
Porquê? Dizem eles que a representação de outras religiões e outras culturas é uma afronta ao sagrado livro do Corão. Custa-me que uma religião que é tolerante (mais tolerante de que muitos reinos cristãos na Idade Média, pelo menos) esteja a ser usada por um punhado de energúmenos para justificar a sua sede de destruição e os seus instintos de psicopatas.
Palmyra é uma cidade que nos demonstra como as Civilizações evoluem - foi conquistada por Helenos, Romanos e Persas e nenhum deles destruiu os vestígios dos outros. Claro que em guerras de conquista acontecem e irão acontecer sempre perdas humanas, mas não confundamos perdas humanas (que não são justificadas, mas que irão sempre acontecer devido a necessidade do Homem roubar território a outros - é a competividade no seu nível mais básico) com perdas desnecessárias de um património que a ninguém pertence, pertencendo a toda a Humanidade, sendo o testemunho dos nossos antepassados e da nossa evolução.
Lembram-se dos Budas de Bamyan? Destruídos pelos Taliban porque eram contra a religião? Foi outro exemplo terrível de como alguns idiotas de mente controlada podem cometer os mais horrendos crimes contra a humanidade e não serem punidos até muito depois, por razões completamente diferentes. Que se lixe o nosso património cultural (e para além disso, que se lixem os povos que vivem sobre o domínio destes animais) enquanto não nos tocar a nós. É o big game diplomático, as considerações políticas que se sobrepõem a uma identidade partilhada que todos temos, supostamente.
O que me confunde ainda mais é como jovens ocidentais (e orientais e árabes), supostamente criados com acesso a informação e numa sociedade multi-cultural, podem querer de alguma forma juntar-se a reles gentalha como esta. Isto não é uma guerra de libertação, não é um statement político (que também é estúpido, aliás), não é sequer uma revolta. É provocar o caos pelo caos. É juntar-se a uma trupe que se delicia com a morte, a destruição e a confusão, embrulhados num manto de retalhos de uma religião que nada tem a ver com eles, para esconder que os líderes são algumas mentes desarranjadas mas carismáticas que encontram um grupo de gente fácil de influenciar para os seguir (o que, diga-se de passagem, é uma característica dos cultos apocalipticos e dos psicopatas).
Não sei se iremos a tempo de salvar Palmyra, como não fomos a tempo de salvar Bamyan. Mas vamos a tempo de salvar o resto e de libertar estes povos da garra destes idiotas. Sou contra a guerra em quase todos os pontos, mas desta vez digo aos senhores dos governos - vão para cima deles com tudo. Mas os senhores do governo não vão. Palmyra é cultura e história, mas não tem petróleo.
Image from Wikipedia: "Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis" by Arian Zwegers - Flickr: Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis. Licensed under CC BY 2.0 via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg#/media/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg
Aquela cambada de bestas, que não são Muçulmanos nem Islâmicos (porque Muçulmanos e Islâmicos são humanos e não animais mentecaptos), arvora-se em defensora de um estilo de governação de acordo com uma lei Islâmica que nem os próprios teólogos conhecem. Esta lei exige que mulheres sejam maltratadas, crianças violadas, povos dizimados, homens escravizados e agora, numa manifestação de terrorismo cultural, cidades históricas sejam destruídas.
Porquê? Dizem eles que a representação de outras religiões e outras culturas é uma afronta ao sagrado livro do Corão. Custa-me que uma religião que é tolerante (mais tolerante de que muitos reinos cristãos na Idade Média, pelo menos) esteja a ser usada por um punhado de energúmenos para justificar a sua sede de destruição e os seus instintos de psicopatas.
Palmyra é uma cidade que nos demonstra como as Civilizações evoluem - foi conquistada por Helenos, Romanos e Persas e nenhum deles destruiu os vestígios dos outros. Claro que em guerras de conquista acontecem e irão acontecer sempre perdas humanas, mas não confundamos perdas humanas (que não são justificadas, mas que irão sempre acontecer devido a necessidade do Homem roubar território a outros - é a competividade no seu nível mais básico) com perdas desnecessárias de um património que a ninguém pertence, pertencendo a toda a Humanidade, sendo o testemunho dos nossos antepassados e da nossa evolução.
Lembram-se dos Budas de Bamyan? Destruídos pelos Taliban porque eram contra a religião? Foi outro exemplo terrível de como alguns idiotas de mente controlada podem cometer os mais horrendos crimes contra a humanidade e não serem punidos até muito depois, por razões completamente diferentes. Que se lixe o nosso património cultural (e para além disso, que se lixem os povos que vivem sobre o domínio destes animais) enquanto não nos tocar a nós. É o big game diplomático, as considerações políticas que se sobrepõem a uma identidade partilhada que todos temos, supostamente.
O que me confunde ainda mais é como jovens ocidentais (e orientais e árabes), supostamente criados com acesso a informação e numa sociedade multi-cultural, podem querer de alguma forma juntar-se a reles gentalha como esta. Isto não é uma guerra de libertação, não é um statement político (que também é estúpido, aliás), não é sequer uma revolta. É provocar o caos pelo caos. É juntar-se a uma trupe que se delicia com a morte, a destruição e a confusão, embrulhados num manto de retalhos de uma religião que nada tem a ver com eles, para esconder que os líderes são algumas mentes desarranjadas mas carismáticas que encontram um grupo de gente fácil de influenciar para os seguir (o que, diga-se de passagem, é uma característica dos cultos apocalipticos e dos psicopatas).
Não sei se iremos a tempo de salvar Palmyra, como não fomos a tempo de salvar Bamyan. Mas vamos a tempo de salvar o resto e de libertar estes povos da garra destes idiotas. Sou contra a guerra em quase todos os pontos, mas desta vez digo aos senhores dos governos - vão para cima deles com tudo. Mas os senhores do governo não vão. Palmyra é cultura e história, mas não tem petróleo.
Image from Wikipedia: "Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis" by Arian Zwegers - Flickr: Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis. Licensed under CC BY 2.0 via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg#/media/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg
terça-feira, 19 de maio de 2015
Textos Parvos I - "Quem Me Dera"
Quem me dera que a vida fosse simples. Que o céu fosse sempre azul, que não me acontecessem amores idiotas, que não metesse a pata na poça tantas vezes, que não tivesse tantas mudanças de humor, que gostasse de toda a gente e que toda a gente gostasse de mim.
Quem me dera que o mundo fosse simples. Que não existissem guerras, que não existissem vítimas, que não existissem sempre dois lados da mesma questão, que o mundo não fosse multi-facetado e um retalho de coisas correctas para uns que outros abominam.
Quem me dera que a minha caminhada por este universo tivesse apenas saída, uma estrada e que não se perdesse em encruzilhadas e em cruzamentos em que nunca sei para onde seguir. Quem me dera conseguir agradar a uma pessoa sem antagonizar outra.
Quem me dera que a estupidez me invadisse e que o meu pobre cérebro não ficasse a remoer coisas com muitos anos, a dizer-me (depois do facto consumado) como deveria ter reagido na altura, depois de ter completamente parado quando devia funcionar.
Quem me dera tanta coisa. Pode ser que um dia compreenda que o que quero é possível, ou pode ser que um destes dias as coisas mudem. Entretanto, fico-me pelo querer.
Quem me dera que o mundo fosse simples. Que não existissem guerras, que não existissem vítimas, que não existissem sempre dois lados da mesma questão, que o mundo não fosse multi-facetado e um retalho de coisas correctas para uns que outros abominam.
Quem me dera que a minha caminhada por este universo tivesse apenas saída, uma estrada e que não se perdesse em encruzilhadas e em cruzamentos em que nunca sei para onde seguir. Quem me dera conseguir agradar a uma pessoa sem antagonizar outra.
Quem me dera que a estupidez me invadisse e que o meu pobre cérebro não ficasse a remoer coisas com muitos anos, a dizer-me (depois do facto consumado) como deveria ter reagido na altura, depois de ter completamente parado quando devia funcionar.
Quem me dera tanta coisa. Pode ser que um dia compreenda que o que quero é possível, ou pode ser que um destes dias as coisas mudem. Entretanto, fico-me pelo querer.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Do Acordo Ortográfico ou Como Destruir uma Língua
Alguém me diz que não sei escrever. Que as minhas palavras são retrógradas, que o que expulso para fora de mim na forma destes inconsequentes textos se encontra errado - que a forma como escrevi durante 28 anos da minha vida, que pessoas bem mais inteligentes do que eu me ensinaram - se tornou errada de um dia para o outro.
Não sou escritor e sou, ainda menos, o dono da verdade ou o arauto da pureza linguística do Português, a língua de Camões, de Pessoa, de Assis, de Pepetela, de Couto e de tantos outros que escrevem e escreveram em Português, com as suas nuances, com as suas diferenças e com o seu sal de cada uma das culturas que os criaram.
Não existe Brasileiro, não existe Angolano, não existe Cabo-Verdiano, existe Português - com várias diferenças entre si, com várias pronúncias diferentes, com pequenas coisas estúpidas na forma de escrever (um "c" que não se lê, um acento agudo que não faz falta absolutamente nenhuma), mas que fazem parte de 800 anos de crescimento, de separação e de comunhão.
Dizem-me, os senhores que criaram o Acordo Ortográfico, que a língua é orgânica e que eu sou um odioso conservador nacionalista que se recusa a aceitar a mudança - eu e mais alguns. Senhores, eu não recuso a mudança, recuso uma mudança imposta sem tino e que vai prejudicar centenas de milhares de pessoas que sempre escreveram da forma que foram ensinadas (e bem ensinadas). Não se trata de uma questão de nacionalismo - o Português, a língua maravilhosa, é lindo com sotaque Europeu, Brasileiro e Africano, sem esquecer o Asiático e o das comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo,
Recuso-me a aceitar que professores que aprenderam a escrever da mesma forma que eu, professores de Português, que são excelentes profissionais e algumas das pessoas mais brilhantes que alguma vez conheci - sejam obrigados, de forma contra-natura, a ensinar os seus estudantes um sucedâneo de Português em que eles próprios não acreditam.
Recuso-me a compreender porque tenho que escrever de uma forma que não é natural para mim, tal como não será natural para um falante de Português Brasileiro escrever Português Europeu. Um sucedâneo de Português, fabricado numa qualquer Academia, por especialistas que se arvoram em donos da verdade e da única forma de escrever correcta,
Este texto e este blog são contra o Acordo Ortográfico e se alguma das minhas palavras estiver escrita como deve ser de acordo com a nova grafia, avisem-me - porque isso sim foi um erro!
Não sou escritor e sou, ainda menos, o dono da verdade ou o arauto da pureza linguística do Português, a língua de Camões, de Pessoa, de Assis, de Pepetela, de Couto e de tantos outros que escrevem e escreveram em Português, com as suas nuances, com as suas diferenças e com o seu sal de cada uma das culturas que os criaram.
Não existe Brasileiro, não existe Angolano, não existe Cabo-Verdiano, existe Português - com várias diferenças entre si, com várias pronúncias diferentes, com pequenas coisas estúpidas na forma de escrever (um "c" que não se lê, um acento agudo que não faz falta absolutamente nenhuma), mas que fazem parte de 800 anos de crescimento, de separação e de comunhão.
Dizem-me, os senhores que criaram o Acordo Ortográfico, que a língua é orgânica e que eu sou um odioso conservador nacionalista que se recusa a aceitar a mudança - eu e mais alguns. Senhores, eu não recuso a mudança, recuso uma mudança imposta sem tino e que vai prejudicar centenas de milhares de pessoas que sempre escreveram da forma que foram ensinadas (e bem ensinadas). Não se trata de uma questão de nacionalismo - o Português, a língua maravilhosa, é lindo com sotaque Europeu, Brasileiro e Africano, sem esquecer o Asiático e o das comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo,
Recuso-me a aceitar que professores que aprenderam a escrever da mesma forma que eu, professores de Português, que são excelentes profissionais e algumas das pessoas mais brilhantes que alguma vez conheci - sejam obrigados, de forma contra-natura, a ensinar os seus estudantes um sucedâneo de Português em que eles próprios não acreditam.
Recuso-me a compreender porque tenho que escrever de uma forma que não é natural para mim, tal como não será natural para um falante de Português Brasileiro escrever Português Europeu. Um sucedâneo de Português, fabricado numa qualquer Academia, por especialistas que se arvoram em donos da verdade e da única forma de escrever correcta,
Este texto e este blog são contra o Acordo Ortográfico e se alguma das minhas palavras estiver escrita como deve ser de acordo com a nova grafia, avisem-me - porque isso sim foi um erro!
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Porque sou Anti Social ou a Falta de expectativas
Muitas pessoas têm-me por antipático, fechado na minha concha, um pouco anti-social e por vezes um pouco pretensioso. Nem sempre fui assim, mas descobri que era a melhor forma de me proteger das expectativas que crio sobre os seres humanos, que usualmente acabam por me desiludir.
Como todos aqueles que me conhecem sabem, sou um pouco apegado aqueles que me rodeiam. Digamos que não gosto de estar sozinho, mesmo que o faça parecer. Apaixono-me com facilidade (seja por uma pessoa ou por uma ideia) e torno-me obcecado e protector com essa pessoa ou com essa ideia. Coloco as coisas num pedestal e não posso ouvir críticas (por mais fundamentadas que sejam), defendo com unhas e dentes aquilo que amo, ou melhor, aquilo que penso amar.
Invariavelmente, as pessoas acabam por me desiludir. Não que sejam más pessoas, não que tenham defeitos graves. Simplesmente porque seguem com a sua vida e muitas vezes não conseguem corresponder à imagem idealizada que eu, na minha estupidez, tinha criado delas.
Por isto, aprendi a criar um muro à minha volta. Para me proteger de desilusões e para proteger os outros das minhas obsessões. Não que não goste de pessoas, mas não quero acabar por me desiludir com expectativas demasiado elevadas. Tornei-me cínico ao ponto de não confiar em ninguém e abrir a minha alma às poucas almas desafortunadas em quem confio.
Ou então, não é nada disto e eu sou só parvo. Não sei, mas acho que perdi a vontade de me apaixonar. Acho que neste momento acredito apenas no tesão e não no amor. Talvez seja melhor assim.
Como todos aqueles que me conhecem sabem, sou um pouco apegado aqueles que me rodeiam. Digamos que não gosto de estar sozinho, mesmo que o faça parecer. Apaixono-me com facilidade (seja por uma pessoa ou por uma ideia) e torno-me obcecado e protector com essa pessoa ou com essa ideia. Coloco as coisas num pedestal e não posso ouvir críticas (por mais fundamentadas que sejam), defendo com unhas e dentes aquilo que amo, ou melhor, aquilo que penso amar.
Invariavelmente, as pessoas acabam por me desiludir. Não que sejam más pessoas, não que tenham defeitos graves. Simplesmente porque seguem com a sua vida e muitas vezes não conseguem corresponder à imagem idealizada que eu, na minha estupidez, tinha criado delas.
Por isto, aprendi a criar um muro à minha volta. Para me proteger de desilusões e para proteger os outros das minhas obsessões. Não que não goste de pessoas, mas não quero acabar por me desiludir com expectativas demasiado elevadas. Tornei-me cínico ao ponto de não confiar em ninguém e abrir a minha alma às poucas almas desafortunadas em quem confio.
Ou então, não é nada disto e eu sou só parvo. Não sei, mas acho que perdi a vontade de me apaixonar. Acho que neste momento acredito apenas no tesão e não no amor. Talvez seja melhor assim.
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Google Translator ou porque vão ser sempre necessários tradutores humanos
Como todos já repararam, resovi começar a tratar desta minha casa de uma forma um pouco mais cuidada - estou a produzir mais, estou mais motivado para escrever, alguns fantasmas que me tinham impedido de o fazer desapareceram e o período de adaptação à minha nova pátria parece ter acabado - demorou um ano, mas cheguei lá.
Ao começar a ligar mais ao Gajo, resolvi utilizar algumas ferramentas do Google e do Blogger para tornar a experiência mais agradável (existe agora um contador de visitas - embora isso seja mais para o meu ego), o Gajo levou um subtítulo (parvo, como tudo neste blog) e uma página com as regras do tasco (está escondida, mas procurarem bem está lá).
A ferramenta que mais me agradou foi o tradutor automático de páginas. Já tinha utilizado o Google Translator antes, e para pequenos textos, funcionou razoavelmente bem. Este blog tem agora uma audiência um pouco mais internacional e achei que seria uma boa iniciativa da minha parte permitir aos três ou quatro leitores estrangeiros que agora fazem parte aqui do estaminé traduzirem os meus textos, porque não tenho tempo - nem capacidade - para escrever textos bilingues.
Portanto, todo contente, fui à página dos widgets do Blogger e seleccionei - cheio de esperança - o tradutor do Google. Para testar, traduzi a minha última posta de pescada. O resultado: das duas uma, ou o meu Português é extremamente complicado ou as pessoas que contribuiram para a tradução têm sérios problemas cognitivos. Por muito que se fale de tradução automatizada, leva-me a crer que os tradutores podem estar descansados quanto aos seus trabalhos por enquanto.
Já agora, pessoas que traduzirem este texto, eu escrevo um bocado melhor do que parece e não sou disléxico nem tenho problemas mentais.
Ao começar a ligar mais ao Gajo, resolvi utilizar algumas ferramentas do Google e do Blogger para tornar a experiência mais agradável (existe agora um contador de visitas - embora isso seja mais para o meu ego), o Gajo levou um subtítulo (parvo, como tudo neste blog) e uma página com as regras do tasco (está escondida, mas procurarem bem está lá).
A ferramenta que mais me agradou foi o tradutor automático de páginas. Já tinha utilizado o Google Translator antes, e para pequenos textos, funcionou razoavelmente bem. Este blog tem agora uma audiência um pouco mais internacional e achei que seria uma boa iniciativa da minha parte permitir aos três ou quatro leitores estrangeiros que agora fazem parte aqui do estaminé traduzirem os meus textos, porque não tenho tempo - nem capacidade - para escrever textos bilingues.
Portanto, todo contente, fui à página dos widgets do Blogger e seleccionei - cheio de esperança - o tradutor do Google. Para testar, traduzi a minha última posta de pescada. O resultado: das duas uma, ou o meu Português é extremamente complicado ou as pessoas que contribuiram para a tradução têm sérios problemas cognitivos. Por muito que se fale de tradução automatizada, leva-me a crer que os tradutores podem estar descansados quanto aos seus trabalhos por enquanto.
Já agora, pessoas que traduzirem este texto, eu escrevo um bocado melhor do que parece e não sou disléxico nem tenho problemas mentais.
Varoufakis e o cachecol da Burberrys ou a falta de argumentos
Yanis Varoufakis (grego: Γιάνης Βαρουφάκης) é o ministro da Finanças grego. O governo Syriza convidou-o para conduzir as díficeis negociações com a Europa, na esperança de conseguir um pouco de oxigénio para um país à beira da explosão social de novo. Ao contrário do que é comum nas políticas dos países da União Europeia, um economista de créditos firmados foi convidado para assumir o ministério relevante e está a provar ser uma melhor escolha do que a maior parte dos outros. Varoufakis é visto na Europa como uma lufada de ar fresco, com uma mentalidade menos ligada à austeridade e aos velhos do Restelo e mais virada para o crescimento económico e para o alívio das necessidades das partes mais desprotegidas da Europa. Ele não representa apenas a Grécia, representa todos os países (incluindo Portugal, por muito que o nosso primeiro ministro não queira) que foram levados à beira da destruição por uma política sem grande sentido de austeridade - não que ele defenda que a Grécia regresse aos maus hábitos anteriores (todos nós admitimos, incluindo os Gregos, que este país viveu muitos anos muito acima das possilbilidades), mas o que assusta os arautos da austeridade é que Varoufakis acusa quem devia acusar e quer cortar os privilégios a quem eles deviam ser cortados - aos monopólios, aos oligarcas, aos magnatas, aos políticos que fogem aos impostos - não aos pobres pensionistas que muitas vezes não têm sequer dinheiro para ir ao médico ou para pagar a electricidade.
Varoufakis, como disse, é um economista de créditos firmados - foi o autor de um livro sobre a crise global (The Global Minotaur), escreveu (com o antigo membro do parlamento inglês e professor convidado da Universidade de Coimbra Stuart Holland) um outro livro chamado A Modest Proposal - também sobre a crise económica, foi professor da Universidade de Sydney e é professor da Universidade de Atenas. Além disso - e, estranhamente, na altura não existiu nenhuma polémica, foi também conselheiro do antigo primeiro-ministro socialista (?) grego, George Papandreou. É consultor independente de uma das maiores companhias de jogos do mundo (Valve) e esteve envolvido numa das plataformas com mais sucesso de todos os tempos, que criou uma micro-economia com um motor completamente diferente (Steam). Embora se defina como marxista, é um marxismo diferente, sem tanta política e mais em versão económica. Por fim, tal como a maior parte dos ministros deste novo governo, não vem de uma família política.
Toda esta introdução para vos falar da última história que apareceu nos jornais de todo o mundo: Varoufakis foi a Bruxelas, a uma reunião para renegociar a economia grega e o plano de ajuda. Como disse acima, para tentar conseguir um pouco de oxigénio para o país. Varoufakis foi com uma mente aberta, com uma atitude conciliatória mas não subserviente, e apresentou os seus argumentos. De acordo com o estilo deste governo, escolheu uma forma de vestir nada pretensiosa e muito menos pomposa do que o típico governante. Apresentou os seus argumentos, que muitos outros economistas (incluindo portugueses) consideraram válidos e bem mais ponderados que o programa de austeridade. Estranhamente, os jornais e os críticos do centrão focaram-se apenas numa coisa: Varoufakis apareceu com um cachecol da Burberry's, um cachecol que custa usualmente quase 500 euros. Aparentemente, o ministro da economia Grego, que repito - é professor universitário e consultor de uma das maiores companhias de jogos do mundo e tem vários trabalhos publicados (livros dão royalties, lembram-se?), perdeu toda a sua credibilidade porque apareceu com uma peça de luxo. O senhor deveria ter ido para a reunião vestido como um mendigo, porque uma pessoa que se deu bem na vida (por mérito próprio) não tem voz para falar sobre aqueles que não têm tanta sorte! Varoufakis, embora não o tivesse que fazer - já que a vida pessoal dele e o que ganha (volto a repetir, por mérito próprio) é apenas com ele e ninguém tem nada a ver com isso - deu-se ao trabalho de responder no twitter a um dos indignados - "foi um presente da minha mulher 12 anos atrás. A sua curiosidade está satisfeita?".
Alguns "comentadores" portugueses, naqueles comentários de jornal, vieram também colocar por palavras a sua indignação. Chamaram-lhe esquerda caviar, hipócrita e aproveitaram para disparar mais umas farpas contra os gregos (pasme-se, não contra a Alemanha que os rouba, contra o governo português que vos carrega com austeridade ou contra o próprio governo grego anterior, que era tão subserviente como o português é actualmente - mas contra os preguiçosos (!) dos gregos). Ou seja, os comentadores do centro (PS e PSD) português aparentemente pensam que o governo português - que baixou ordenados, criou desemprego, faliu empresas e continua a lamber botas à senhora Merkel, está correcto e que o governo Grego, que defende os direitos do país, que luta pelo seu povo (e que, parecendo que não - como Francisco Louçã, com quem não simpatizo particularmente, disse e com toda a razão - representa também Portugal) é hipócrita. Porquê? Porque um ministro grego não apareceu vestido como um mendigo numa reunião Europeia e usou uma peça de luxo oferecida pela mulher. Vi até pessoas a exigirem a justificação de como ele conseguiu comprar o cachecol - portanto, um político (que também é professor universitário e autor) tem que guardar todas as facturas de tudo (incluindo de uma peça de roupa com 12 anos) porque no futuro, eventualmente, pode dar-se um shitstorm porque essa pessoa (que 12 anos atrás não fazia a mais pequena ideia que iria estar no Governo) resoveu usar uma peça de uma marca que é demasiado cara para ele. Seria engraçado se não fosse tão estúpido.
Eu digo: Força Varoufakis. Da próxima vez usa uma camisa Armani!
Nota: A imagem de Varoufakis foi retirada da Wikipedia. O autor e a página podem ser encontrados nesta ligação.
Varoufakis, como disse, é um economista de créditos firmados - foi o autor de um livro sobre a crise global (The Global Minotaur), escreveu (com o antigo membro do parlamento inglês e professor convidado da Universidade de Coimbra Stuart Holland) um outro livro chamado A Modest Proposal - também sobre a crise económica, foi professor da Universidade de Sydney e é professor da Universidade de Atenas. Além disso - e, estranhamente, na altura não existiu nenhuma polémica, foi também conselheiro do antigo primeiro-ministro socialista (?) grego, George Papandreou. É consultor independente de uma das maiores companhias de jogos do mundo (Valve) e esteve envolvido numa das plataformas com mais sucesso de todos os tempos, que criou uma micro-economia com um motor completamente diferente (Steam). Embora se defina como marxista, é um marxismo diferente, sem tanta política e mais em versão económica. Por fim, tal como a maior parte dos ministros deste novo governo, não vem de uma família política.
Toda esta introdução para vos falar da última história que apareceu nos jornais de todo o mundo: Varoufakis foi a Bruxelas, a uma reunião para renegociar a economia grega e o plano de ajuda. Como disse acima, para tentar conseguir um pouco de oxigénio para o país. Varoufakis foi com uma mente aberta, com uma atitude conciliatória mas não subserviente, e apresentou os seus argumentos. De acordo com o estilo deste governo, escolheu uma forma de vestir nada pretensiosa e muito menos pomposa do que o típico governante. Apresentou os seus argumentos, que muitos outros economistas (incluindo portugueses) consideraram válidos e bem mais ponderados que o programa de austeridade. Estranhamente, os jornais e os críticos do centrão focaram-se apenas numa coisa: Varoufakis apareceu com um cachecol da Burberry's, um cachecol que custa usualmente quase 500 euros. Aparentemente, o ministro da economia Grego, que repito - é professor universitário e consultor de uma das maiores companhias de jogos do mundo e tem vários trabalhos publicados (livros dão royalties, lembram-se?), perdeu toda a sua credibilidade porque apareceu com uma peça de luxo. O senhor deveria ter ido para a reunião vestido como um mendigo, porque uma pessoa que se deu bem na vida (por mérito próprio) não tem voz para falar sobre aqueles que não têm tanta sorte! Varoufakis, embora não o tivesse que fazer - já que a vida pessoal dele e o que ganha (volto a repetir, por mérito próprio) é apenas com ele e ninguém tem nada a ver com isso - deu-se ao trabalho de responder no twitter a um dos indignados - "foi um presente da minha mulher 12 anos atrás. A sua curiosidade está satisfeita?".
Alguns "comentadores" portugueses, naqueles comentários de jornal, vieram também colocar por palavras a sua indignação. Chamaram-lhe esquerda caviar, hipócrita e aproveitaram para disparar mais umas farpas contra os gregos (pasme-se, não contra a Alemanha que os rouba, contra o governo português que vos carrega com austeridade ou contra o próprio governo grego anterior, que era tão subserviente como o português é actualmente - mas contra os preguiçosos (!) dos gregos). Ou seja, os comentadores do centro (PS e PSD) português aparentemente pensam que o governo português - que baixou ordenados, criou desemprego, faliu empresas e continua a lamber botas à senhora Merkel, está correcto e que o governo Grego, que defende os direitos do país, que luta pelo seu povo (e que, parecendo que não - como Francisco Louçã, com quem não simpatizo particularmente, disse e com toda a razão - representa também Portugal) é hipócrita. Porquê? Porque um ministro grego não apareceu vestido como um mendigo numa reunião Europeia e usou uma peça de luxo oferecida pela mulher. Vi até pessoas a exigirem a justificação de como ele conseguiu comprar o cachecol - portanto, um político (que também é professor universitário e autor) tem que guardar todas as facturas de tudo (incluindo de uma peça de roupa com 12 anos) porque no futuro, eventualmente, pode dar-se um shitstorm porque essa pessoa (que 12 anos atrás não fazia a mais pequena ideia que iria estar no Governo) resoveu usar uma peça de uma marca que é demasiado cara para ele. Seria engraçado se não fosse tão estúpido.
Eu digo: Força Varoufakis. Da próxima vez usa uma camisa Armani!
Nota: A imagem de Varoufakis foi retirada da Wikipedia. O autor e a página podem ser encontrados nesta ligação.
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sem argumentos,
stupid arguments,
Syriza,
Varoufakis,
Yanis Varoufakis
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Acusação aos energúmenos ou porque quase deixe de ver futebol
Gosto de futebol. A sério que gosto. Por muito idiota que seja para alguns a ideia de ver 90 minutos de 22 gajos a correr atrás de uma bola, o futebol tem beleza dentro dele. Tem paixão, tem uma aura de dramatismo, existe como um escape de todas as frustrações do dia a dia. Aqueles 90 minutos são um período em que não temos religião, não temos partido político, nos esqueçemos da troika e da crise que nos aperta e sufoca cada vez mais - naqueles 90 minutos temos um clube e glorificamos os gladiadores da era moderna que são os jogadores de futebol. Os cânticos, as bandeiras, a emoção do golo ou do penalty assinalado no último minuto dos descontos - é uma sensação que só quem gosta de futebol, sem ligar à equipa pela qual torce, pode sentir.
Depois existem os energúmenos, os broncos, os idiotas que acham que futebol é colocar em risco a vida dos adeptos que só querem ver um jogo. Existem os cânticos ofensivos, as tochas, as cargas policiais, o arremesso de cadeiras, as agressões, o queimar de estádios, o assassinato de adeptos com very lights, o rebentar de petardos, as declarações fascistas nas tarjas de algumas claques, o racismo. Este tipo de "gente" não gosta de futebol. São pobres diabos que não têm outra vida e precisam de chamar a atenção para si próprios, fazendo os outros de sacos de pancada. Este tipo de idiotas existe em todos os clubes e deviam ser impedidos de se chegar perto de um estádio.
Portanto, é para eles que este texto é: vocês não gostam de futebol. Vocês não, ao contrário do que reclamam, amam o vosso clube. Vocês não merecem chegar-se perto das instituições que dizem amar. Todas elas tiveram uma história muito longa sem que vocês existissem e vão continuar a ter quando, esperemos, desaparecerem. Por favor façam um favor a todos aqueles que gostam de futebol e atirem-se para o mesmo buraco de onde vieram. Todos nós ficaríamos muito agradecidos.
Vou continuar a ver futebol. Vou continuar a sofrer, a gritar golo, a amar o meu clube na vitória e na derrota. Mas não irei a nenhum estádio enquanto estes forem dominados por energúmenos e enquanto as direcções dos clubes nada fizerem para os afastar.
Depois existem os energúmenos, os broncos, os idiotas que acham que futebol é colocar em risco a vida dos adeptos que só querem ver um jogo. Existem os cânticos ofensivos, as tochas, as cargas policiais, o arremesso de cadeiras, as agressões, o queimar de estádios, o assassinato de adeptos com very lights, o rebentar de petardos, as declarações fascistas nas tarjas de algumas claques, o racismo. Este tipo de "gente" não gosta de futebol. São pobres diabos que não têm outra vida e precisam de chamar a atenção para si próprios, fazendo os outros de sacos de pancada. Este tipo de idiotas existe em todos os clubes e deviam ser impedidos de se chegar perto de um estádio.
Portanto, é para eles que este texto é: vocês não gostam de futebol. Vocês não, ao contrário do que reclamam, amam o vosso clube. Vocês não merecem chegar-se perto das instituições que dizem amar. Todas elas tiveram uma história muito longa sem que vocês existissem e vão continuar a ter quando, esperemos, desaparecerem. Por favor façam um favor a todos aqueles que gostam de futebol e atirem-se para o mesmo buraco de onde vieram. Todos nós ficaríamos muito agradecidos.
Vou continuar a ver futebol. Vou continuar a sofrer, a gritar golo, a amar o meu clube na vitória e na derrota. Mas não irei a nenhum estádio enquanto estes forem dominados por energúmenos e enquanto as direcções dos clubes nada fizerem para os afastar.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Sobre Ti
Conheci-te de forma fortuita, e preferia que isso nunca tivesse acontecido. Não porque te odeie, longe disso, mas porque ainda me fazes falta.
Todos os dias me lembro do teu sorriso, da tua forma de caminhar, dos teus pequenos tiques, das tuas pequenas neuras e depressões, dos teus (poucos) defeitos e das tuas qualidades.
Coloquei-te num patamar demasiado elevado, e, mesmo com todos os que me diziam que não era bem assim, recusei-me a tirar-te de lá. Afastei pessoas que nenhuma culpa tinham, fiz birras (sim, birras, não existe outro nome), fiquei tão obcecado pelo teu bem-estar que acabei por o colocar em causa. Nunca quis que isso acontecesse, mas nunca consegui ser racional quando se tratava de falar sobre ti, de te defender e mesmo de te atacar - o que sentia por ti era tão forte que me impedia de controlar o que fazia.
Disse muitas vezes que te amava, mas não sei se alguma vez isso aconteceu realmente. Era mais um sentimento de posse injustificada, uma percepção de injustiça que nunca aconteceu, uma amizade (ou amor) tão forte que tornou o ar em torno de nós impossível de respirar. Era uma relação doentia, mas que tu não fizeste porque acontecesse; cedia ao teu mínimo desejo, e corria que nem um cão sempre que fazias um gesto. Nunca me pediste que o fizesse, mas eu estava tão embrenhado no meu pequeno mundo que pensei que era recíproco. Claro que não era, porque tu eras uma pessoa normal e eu não estava em mim, construi castelos na areia que, obviamente, se desmoronaram um atrás do outro.
Ainda existe uma pequena parte do meu ser que tem esse tipo de comportamento quando se fala de ti. Existe uma voz cá dentro, que tento reprimir e calar constantemente, que me diz muitas vezes: talvez ela volte, talvez desta vez seja diferente, talvez desta vez tenhas uma hipótese, talvez algo tenha mudado, talvez tu te consigas controlar e ela mude de opinião - tudo parvoíces. O que está feito, feito está e não existe uma segunda oportunidade de causar boa impressão. Estraguei as hipóteses que nunca tive, e ao longo do tempo, fui abrindo cada vez mais a minha cova - ficou mais profunda, mais ampla e mais díficil de sair lá de dentro. Se aparecesses aqui ao meu lado agora, seria tudo igual. Irias apaixonar-te por alguém, eu iria odiar esse alguém (que nenhuma culpa teria), iria fazer tudo para que te corresse mal (por mais que te dissesse o contrário) e acabaríamos no mesmo sítio de onde partimos - no limbo, na relação doentia, mas com um fosso ainda mais fundo e comigo ainda mais destruído, as feridas seriam reabertas, iriam ser criadas novas e eu sangraria até que o meu cérebro não aguentasse mais e explodisse de novo, rebentando com tudo o que existe à minha volta.
Não sei o que me deu para pensar que te amava.Não sei se foi simples tesão (embora me digam o contrário, continuas a ser das mulheres que mais me atrai), não sei se foi atração pelo fruto proíbido (como sabia que nunca te poderia ter, tornei-te a mulher dos meus sonhos e pesadelos) ou se foi realmente amor (embora um amor distorcido, retorcido e fragmentado em pedaços de ódio). Sei que foram 5 anos da minha vida em que vivi para ti, pensei que te amava e te odiei muitas vezes (mais do que seria saudável). Acho que foi um caso de friend zone levado ao extremo, mas uma friend zone em que existia um amor filial da tua parte - eu era teu irmão, nunca me conseguiste ver de outra forma - tornei-me tão presente na tua vida que passei a fazer parte da família.
Lembras-te quando nos diziam que fazíamos um casal perfeito? Como ficavas envergonhada quando o diziam, te apressavas a desmentir e eu ficava com um ar magoado, por vezes à beira das lágrimas? Não me perguntes porque ficava assim, nunca me deste muitas esperanças e as que deste, foram porque interpretei mal o que querias dizer. Lembras-te quando nos diziam (e tu própria dizias) que tínhamos todas as nuances de um par de namorados, excepto as discussões e o sexo? Talvez tivesse sido melhor termos discutido mais, e de forma mais aberta - teria sido mais saudável. Talvez se assim tivesse sido, as coisas não tivessem explodido da forma que explodiram.
Não te vejo faz dois anos. Deixei de ter sinal de ti. No princípio, ainda tentei muitas vezes chamar por ti. Enviei-te mensagens, escrevi-te cartas, publiquei nas tuas redes sociais, perguntei a toda a gente por ti. Ainda te considerava a pessoa mais importante do mundo (pelo menos do meu mundo) e, embora estivesse habituado a perder pessoas de forma ainda mais permanente, não conseguia aceitar que o mesmo acontecesse contigo. Quando deixei Portugal, pensei sinceramente que ia ter notícias tuas. Na noite anterior à partida, não dormi à espera de uma mensagem, de um telefonema, de um convite para café - faria todo o caminho a pé, como tantas vezes fiz, para estar contigo uma última vez. Pedi, uma vez que nunca me respondeste, que te enviassem uma mensagem. Respondeste a essa mensagem, mas só a outras perguntas. Ignoraste o que te pedia. No aeroporto, antes da partida para a maior aventura da minha vida, quando me despedia dos meus pais, que sempre me deram tudo e me apoiaram em tudo (mesmo nas decisões mais estúpidas da minha vida), só pensava em ti. No caminho até ao terminal de embarque, olhei constantemente para o telemóvel sempre à espera que o teu nome aparecesse. No avião, antes da descolagem, esperei até ao último minuto que me enviasses uma despedida. Na escala que fiz, antes de ligar aos meus pais e à pessoa que se preocupou mais e incentivou a minha partida (um amigo comum, tu sabes quem ele é) procurei uma mensagem tua. Quando falei com ele, foi a primeira coisa que lhe perguntei - ela disse alguma coisa? Quando a resposta foi negativa, soube que nada mais seria o mesmo, e que tal como tinhas surgido, te tinhas desvanecido no ar. Sabes que terias sido a única pessoa capaz de me impedir de deixar a terra mãe? Bastava ter existido uma mensagem da tua parte, e tudo teria voltado à estaca zero. Mas, por muito que me tenha custado na altura, ainda bem que não o fizeste. Permitiu-me partir sem remorso.
Ainda penso em ti, ou não esteja eu a escrever este texto. Por muito que queira convencer-me que as coisas ficaram completamente para trás, seria uma mentira idiota. Resta-me saber viver com o teu nome tatuado no meu cérebro e esperar que não te ame de novo.
Nota: A pessoa retratada neste texto é ainda muito importante para mim (e penso que o irá ser sempre) e, embora pareça, não existe qualquer ressentimento da minha parte. Este texto é, ao mesmo tempo, um pedido de desculpas (onde quer que estejas, desculpa!) e um desabafo que explica coisas que, por cobardia, não fui capaz de explicar a essa pessoa na altura. Desculpem-me a tirada à drama queen, mas é a única forma que sei de exprimir sentimentos, por muito adolescentes e idiotas que eles sejam. Quando me apetecer, volto a coisas mais mundanas e menos pita histérica. Cheers!
Todos os dias me lembro do teu sorriso, da tua forma de caminhar, dos teus pequenos tiques, das tuas pequenas neuras e depressões, dos teus (poucos) defeitos e das tuas qualidades.
Coloquei-te num patamar demasiado elevado, e, mesmo com todos os que me diziam que não era bem assim, recusei-me a tirar-te de lá. Afastei pessoas que nenhuma culpa tinham, fiz birras (sim, birras, não existe outro nome), fiquei tão obcecado pelo teu bem-estar que acabei por o colocar em causa. Nunca quis que isso acontecesse, mas nunca consegui ser racional quando se tratava de falar sobre ti, de te defender e mesmo de te atacar - o que sentia por ti era tão forte que me impedia de controlar o que fazia.
Disse muitas vezes que te amava, mas não sei se alguma vez isso aconteceu realmente. Era mais um sentimento de posse injustificada, uma percepção de injustiça que nunca aconteceu, uma amizade (ou amor) tão forte que tornou o ar em torno de nós impossível de respirar. Era uma relação doentia, mas que tu não fizeste porque acontecesse; cedia ao teu mínimo desejo, e corria que nem um cão sempre que fazias um gesto. Nunca me pediste que o fizesse, mas eu estava tão embrenhado no meu pequeno mundo que pensei que era recíproco. Claro que não era, porque tu eras uma pessoa normal e eu não estava em mim, construi castelos na areia que, obviamente, se desmoronaram um atrás do outro.
Ainda existe uma pequena parte do meu ser que tem esse tipo de comportamento quando se fala de ti. Existe uma voz cá dentro, que tento reprimir e calar constantemente, que me diz muitas vezes: talvez ela volte, talvez desta vez seja diferente, talvez desta vez tenhas uma hipótese, talvez algo tenha mudado, talvez tu te consigas controlar e ela mude de opinião - tudo parvoíces. O que está feito, feito está e não existe uma segunda oportunidade de causar boa impressão. Estraguei as hipóteses que nunca tive, e ao longo do tempo, fui abrindo cada vez mais a minha cova - ficou mais profunda, mais ampla e mais díficil de sair lá de dentro. Se aparecesses aqui ao meu lado agora, seria tudo igual. Irias apaixonar-te por alguém, eu iria odiar esse alguém (que nenhuma culpa teria), iria fazer tudo para que te corresse mal (por mais que te dissesse o contrário) e acabaríamos no mesmo sítio de onde partimos - no limbo, na relação doentia, mas com um fosso ainda mais fundo e comigo ainda mais destruído, as feridas seriam reabertas, iriam ser criadas novas e eu sangraria até que o meu cérebro não aguentasse mais e explodisse de novo, rebentando com tudo o que existe à minha volta.
Não sei o que me deu para pensar que te amava.Não sei se foi simples tesão (embora me digam o contrário, continuas a ser das mulheres que mais me atrai), não sei se foi atração pelo fruto proíbido (como sabia que nunca te poderia ter, tornei-te a mulher dos meus sonhos e pesadelos) ou se foi realmente amor (embora um amor distorcido, retorcido e fragmentado em pedaços de ódio). Sei que foram 5 anos da minha vida em que vivi para ti, pensei que te amava e te odiei muitas vezes (mais do que seria saudável). Acho que foi um caso de friend zone levado ao extremo, mas uma friend zone em que existia um amor filial da tua parte - eu era teu irmão, nunca me conseguiste ver de outra forma - tornei-me tão presente na tua vida que passei a fazer parte da família.
Lembras-te quando nos diziam que fazíamos um casal perfeito? Como ficavas envergonhada quando o diziam, te apressavas a desmentir e eu ficava com um ar magoado, por vezes à beira das lágrimas? Não me perguntes porque ficava assim, nunca me deste muitas esperanças e as que deste, foram porque interpretei mal o que querias dizer. Lembras-te quando nos diziam (e tu própria dizias) que tínhamos todas as nuances de um par de namorados, excepto as discussões e o sexo? Talvez tivesse sido melhor termos discutido mais, e de forma mais aberta - teria sido mais saudável. Talvez se assim tivesse sido, as coisas não tivessem explodido da forma que explodiram.
Não te vejo faz dois anos. Deixei de ter sinal de ti. No princípio, ainda tentei muitas vezes chamar por ti. Enviei-te mensagens, escrevi-te cartas, publiquei nas tuas redes sociais, perguntei a toda a gente por ti. Ainda te considerava a pessoa mais importante do mundo (pelo menos do meu mundo) e, embora estivesse habituado a perder pessoas de forma ainda mais permanente, não conseguia aceitar que o mesmo acontecesse contigo. Quando deixei Portugal, pensei sinceramente que ia ter notícias tuas. Na noite anterior à partida, não dormi à espera de uma mensagem, de um telefonema, de um convite para café - faria todo o caminho a pé, como tantas vezes fiz, para estar contigo uma última vez. Pedi, uma vez que nunca me respondeste, que te enviassem uma mensagem. Respondeste a essa mensagem, mas só a outras perguntas. Ignoraste o que te pedia. No aeroporto, antes da partida para a maior aventura da minha vida, quando me despedia dos meus pais, que sempre me deram tudo e me apoiaram em tudo (mesmo nas decisões mais estúpidas da minha vida), só pensava em ti. No caminho até ao terminal de embarque, olhei constantemente para o telemóvel sempre à espera que o teu nome aparecesse. No avião, antes da descolagem, esperei até ao último minuto que me enviasses uma despedida. Na escala que fiz, antes de ligar aos meus pais e à pessoa que se preocupou mais e incentivou a minha partida (um amigo comum, tu sabes quem ele é) procurei uma mensagem tua. Quando falei com ele, foi a primeira coisa que lhe perguntei - ela disse alguma coisa? Quando a resposta foi negativa, soube que nada mais seria o mesmo, e que tal como tinhas surgido, te tinhas desvanecido no ar. Sabes que terias sido a única pessoa capaz de me impedir de deixar a terra mãe? Bastava ter existido uma mensagem da tua parte, e tudo teria voltado à estaca zero. Mas, por muito que me tenha custado na altura, ainda bem que não o fizeste. Permitiu-me partir sem remorso.
Ainda penso em ti, ou não esteja eu a escrever este texto. Por muito que queira convencer-me que as coisas ficaram completamente para trás, seria uma mentira idiota. Resta-me saber viver com o teu nome tatuado no meu cérebro e esperar que não te ame de novo.
Nota: A pessoa retratada neste texto é ainda muito importante para mim (e penso que o irá ser sempre) e, embora pareça, não existe qualquer ressentimento da minha parte. Este texto é, ao mesmo tempo, um pedido de desculpas (onde quer que estejas, desculpa!) e um desabafo que explica coisas que, por cobardia, não fui capaz de explicar a essa pessoa na altura. Desculpem-me a tirada à drama queen, mas é a única forma que sei de exprimir sentimentos, por muito adolescentes e idiotas que eles sejam. Quando me apetecer, volto a coisas mais mundanas e menos pita histérica. Cheers!
domingo, 8 de fevereiro de 2015
O Rídiculo das Avaliações
Existe algo, em Portugal, que me irrita profundamente. Embora não seja professor, esta pequena coisa que me irrita chama-se avaliação dos professores.
O argumento de quem defende a medida - temos que avaliar aqueles que avaliam os nossos filhos. Ou seja, o professor, aparentemente, não tem já competência suficiente para fazer aquilo para que se formou. Ao ver alguns pais a culparem os professores da idiotice dos filhos, compreende-se bem quem defende esta rídicula avaliação.
Conheço alguns professores, e quase todos fizeram cursos pré-bolonha, onde dedicaram 5 ou mais anos da sua vida a estudar, a preparar-se para esta carreira e que foram ensinados pelos melhores (e que, pasme-se, não tiveram avaliação!). Ou seja, estas pessoas, que estudaram durante uma boa parte das vidas, que sofreram, que fizeram sacríficios, que passaram noites sem dormir, que enfrentaram os nervos dos exames e das provas orais e que, no fim de tudo, pensaram que o pior tinha passado - e que se consideravam preparados para enfrentar o mercado de trabalho, as turmas de alunos, a pressão de corrigir testes.... afinal têm que ser avaliados de novo, porque existem alguém com tiques de ditadorzeco no Ministério da Educação.
Imaginemos que esta medida era aplicada a todas as profissões - portanto, sendo eu médico (não sou, apenas um exemplo) e tendo estudado 6/7 anos, mais a especialização e o internato, ao fim de alguns anos, teria que fazer mais uma avaliação para avaliar as minhas competências (e acreditem, olhando para muitos médicos que conheço, se isso acontecesse,perderiam a carteira profissional).
Apliquemos a medida aos Ministros do Governo - garanto-vos que em menos de 3 meses ficaríamos sem ninguém nos ministérios e o país ficaria ingovernável (ainda mais do que é atualmente). Vamos, já que estamos nisso, aplicar a avaliação apenas ao Ministro da Educação - não precisamos de uma avaliação específica - vamos aplicar-lhe exatamente o mesmo teste que aplicámos aos professores - será que o ministro se provaria qualificado para ocupar a posição que ocupa? Duvido...
Enfim, mais uma medida que é aplicada que não faz qualquer sentido... E passarmos o tempo que se perdeu a discutir isto a resolver problemas a sério do país? É só uma ideia, senhores do governo.
O argumento de quem defende a medida - temos que avaliar aqueles que avaliam os nossos filhos. Ou seja, o professor, aparentemente, não tem já competência suficiente para fazer aquilo para que se formou. Ao ver alguns pais a culparem os professores da idiotice dos filhos, compreende-se bem quem defende esta rídicula avaliação.
Conheço alguns professores, e quase todos fizeram cursos pré-bolonha, onde dedicaram 5 ou mais anos da sua vida a estudar, a preparar-se para esta carreira e que foram ensinados pelos melhores (e que, pasme-se, não tiveram avaliação!). Ou seja, estas pessoas, que estudaram durante uma boa parte das vidas, que sofreram, que fizeram sacríficios, que passaram noites sem dormir, que enfrentaram os nervos dos exames e das provas orais e que, no fim de tudo, pensaram que o pior tinha passado - e que se consideravam preparados para enfrentar o mercado de trabalho, as turmas de alunos, a pressão de corrigir testes.... afinal têm que ser avaliados de novo, porque existem alguém com tiques de ditadorzeco no Ministério da Educação.
Imaginemos que esta medida era aplicada a todas as profissões - portanto, sendo eu médico (não sou, apenas um exemplo) e tendo estudado 6/7 anos, mais a especialização e o internato, ao fim de alguns anos, teria que fazer mais uma avaliação para avaliar as minhas competências (e acreditem, olhando para muitos médicos que conheço, se isso acontecesse,perderiam a carteira profissional).
Apliquemos a medida aos Ministros do Governo - garanto-vos que em menos de 3 meses ficaríamos sem ninguém nos ministérios e o país ficaria ingovernável (ainda mais do que é atualmente). Vamos, já que estamos nisso, aplicar a avaliação apenas ao Ministro da Educação - não precisamos de uma avaliação específica - vamos aplicar-lhe exatamente o mesmo teste que aplicámos aos professores - será que o ministro se provaria qualificado para ocupar a posição que ocupa? Duvido...
Enfim, mais uma medida que é aplicada que não faz qualquer sentido... E passarmos o tempo que se perdeu a discutir isto a resolver problemas a sério do país? É só uma ideia, senhores do governo.
As Aventuras de Um Gajo Português em Atenas - Parte I
Viver num país em que não só a língua é diferente, como também o alfabeto, dá azo a algumas aventuras que não aconteceriam num país anglo-saxónico. A Grécia é um mundo à parte, uma mistura de mentalidade mediterrânica (ou seja, desorganizada) e alguns tiques americanizados, com mais uns toques de personalidade turca (mas não digam isso aos gregos).
Esta nova rúbrica vai descrever-vos algumas das minhas desventuras neste país.
A minha aventura de hoje nada teve de especial, mas demonstrou muito bem a costela otomana e árabe da Grécia.
Sendo Domingo, e estando eu a trabalhar num turno pela noite dentro hoje, tinha feito planos para dormir um pouco mais, para me preparar para as oito horas de irritação que em breve virão (e que continuarão o resto da semana). Deitei-me razoavelmente tarde ontem, convencido que hoje iria poder prolongar a minha viagem nos braços de Morfeu.
Infelizmente, os meus vizinhos tinham ideias bastante divergentes. Por volta das 10 da manhã, uma agradável (ler em tom irónico) música começou a ecoar na rua. Começou de forma bastante normal, com um volume aceitável, mas foi aumentando até que se me começou a assemelhar às trompas do Juízo Final. O género musical escolhido pelos meus vizinhos foi uma mistura de pimba Grego, com toques de dança do ventre e alguns hits de euro-dance traduzidos em Grego.
Quando este inusitado concerto acabou, e pensei que poderia finalmente ter mais alguns minutos de descanso, os cães que povam esta rua (juro que ainda não os consegui contar - entre os que são animais de estimação e os que, infelizmente, são cães de rua) resolveram começar numa desgarrada de latidos até agora. Naturalmente, não consegui dormir mais e dentro de algumas horas, irei arrastar-me género zombie para o meu local de trabalho, ficando assustado com qualquer latido e amaldiçoando os pobres animais que me arrancaram de forma tão cruel dos meus cobertores.
Esta nova rúbrica vai descrever-vos algumas das minhas desventuras neste país.
A minha aventura de hoje nada teve de especial, mas demonstrou muito bem a costela otomana e árabe da Grécia.
Sendo Domingo, e estando eu a trabalhar num turno pela noite dentro hoje, tinha feito planos para dormir um pouco mais, para me preparar para as oito horas de irritação que em breve virão (e que continuarão o resto da semana). Deitei-me razoavelmente tarde ontem, convencido que hoje iria poder prolongar a minha viagem nos braços de Morfeu.
Infelizmente, os meus vizinhos tinham ideias bastante divergentes. Por volta das 10 da manhã, uma agradável (ler em tom irónico) música começou a ecoar na rua. Começou de forma bastante normal, com um volume aceitável, mas foi aumentando até que se me começou a assemelhar às trompas do Juízo Final. O género musical escolhido pelos meus vizinhos foi uma mistura de pimba Grego, com toques de dança do ventre e alguns hits de euro-dance traduzidos em Grego.
Quando este inusitado concerto acabou, e pensei que poderia finalmente ter mais alguns minutos de descanso, os cães que povam esta rua (juro que ainda não os consegui contar - entre os que são animais de estimação e os que, infelizmente, são cães de rua) resolveram começar numa desgarrada de latidos até agora. Naturalmente, não consegui dormir mais e dentro de algumas horas, irei arrastar-me género zombie para o meu local de trabalho, ficando assustado com qualquer latido e amaldiçoando os pobres animais que me arrancaram de forma tão cruel dos meus cobertores.
Fifty Shades of Grey - Um Desabafo
Cometi o infeliz erro de ler o primeiro volume de Fifty Shades of Grey, o famoso best-seller que colocou todas as donas de casa desesperadas e adolescentes com disfunções hormonais com vontade de encontrarem um milionário maníaco e sado-masoquista.
Tenho a dizer que, se foi a este estado que o nosso gosto literário (?) chegou, o nosso padrão para considerar um livro literatura atingiu mínimos históricos.
O texto não tem ponta por onde se lhe pegue, é uma das coisas mais insípidas que alguma vez li, com tanta coisa rídicula que não dá para começar a descrevê-las.
É pornografia baratucha disfarçada de romance, que apela apenas a pessoas com uma mente muito limitada e sem imaginação. Nem sequer como auxílio para a vida sexual de um casal que esteja a dar as últimas serve (provavelmente iriam acabar por se matar um ao outro - mais vale uma subscrição de uma das dezenas de canais de pornografia que existe).
A sério que não consigo compreender o entusiasmo nem com a triologia nem com o filme, que mais uma vez será um blockbusterzeco de Hollywood sem a mínima história, sem nenhum interesse, que vai servir apenas para colar uma geração de leitores e cinéfilos ao ecrã e desviá-los das dezenas de bons livros e filmes que existem todos os anos.
Quanto ao filme, existe uma única coisa positiva (que pelo menos apela ao pouco sentido nacionalista que me resta): aparentemente, o apartamento do senhor Christian Grey, no filme, está pejado de mobiliário português, o que prova uma vez mais que - dando oportunidade aos portugueses de provarem o que sabem a fazer - eles têm sucesso.
Em suma, depois da saga sobre vampiros brilhantes, lobisobens musculados e adolescentes humanas sem expressão facial (a saga Twilight), a próxima moda é a saga sobre milionários sado-masoquistas... Tenho medo de saber qual será a próxima tendência. Talvez um romance sobre o amor entre um stalker e uma vítima, com um bocadinho de síndrome de Estocolomo?
Para acabar, não tenham a infeliz ideia de ler esta coisa... Irão acabar desiludidos com o caminho que a humanidade está a tomar...
Tenho a dizer que, se foi a este estado que o nosso gosto literário (?) chegou, o nosso padrão para considerar um livro literatura atingiu mínimos históricos.
O texto não tem ponta por onde se lhe pegue, é uma das coisas mais insípidas que alguma vez li, com tanta coisa rídicula que não dá para começar a descrevê-las.
É pornografia baratucha disfarçada de romance, que apela apenas a pessoas com uma mente muito limitada e sem imaginação. Nem sequer como auxílio para a vida sexual de um casal que esteja a dar as últimas serve (provavelmente iriam acabar por se matar um ao outro - mais vale uma subscrição de uma das dezenas de canais de pornografia que existe).
A sério que não consigo compreender o entusiasmo nem com a triologia nem com o filme, que mais uma vez será um blockbusterzeco de Hollywood sem a mínima história, sem nenhum interesse, que vai servir apenas para colar uma geração de leitores e cinéfilos ao ecrã e desviá-los das dezenas de bons livros e filmes que existem todos os anos.
Quanto ao filme, existe uma única coisa positiva (que pelo menos apela ao pouco sentido nacionalista que me resta): aparentemente, o apartamento do senhor Christian Grey, no filme, está pejado de mobiliário português, o que prova uma vez mais que - dando oportunidade aos portugueses de provarem o que sabem a fazer - eles têm sucesso.
Em suma, depois da saga sobre vampiros brilhantes, lobisobens musculados e adolescentes humanas sem expressão facial (a saga Twilight), a próxima moda é a saga sobre milionários sado-masoquistas... Tenho medo de saber qual será a próxima tendência. Talvez um romance sobre o amor entre um stalker e uma vítima, com um bocadinho de síndrome de Estocolomo?
Para acabar, não tenham a infeliz ideia de ler esta coisa... Irão acabar desiludidos com o caminho que a humanidade está a tomar...
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Coisas De Gajo I
Atenção: segue-se uma declaração de amor a três produtos específicos. Um gajo têm que se mimar, embora a carteira sofra com isso. Passemos ao que interessa:
Eu tenho uma combinação muito infeliz na cara (para além da própria cara): uma barba que parece palha de aço sobre uma pele que é extremamente sensível aos terríveis razor burns e àqueles cortes irritantes que deixam a pele vermelha e mal tratada. Até hoje, não tinha experimentado nenhum produto que resolvesse isso (e acreditem, já experimentei muitos). Até hoje, que chegou uma coisa da qual tinha lido boas críticas e que resolvi experimentar. Meus caros, resultou de uma forma brilhante e, finalmente, não tenho um único corte na cara: o produto chama-se Bluebeard's Revenge Pre-Shave Oil e resolveu, numa só aplicação, o tal problema que me perseguia. Outra coisa que me agrada: não tem parabenos, não é testado em animais, é feito com igredientes vegan-friendly e tem um aroma bem agradável. O senão: não é exactamente barato.
Passando ao segundo pecado que cometi hoje... A minha pele é sensível não só na cara. Logo, não me dou muito bem com gel de banho e champô de supermercado. Usualmente, fico com irritações e manchas do género "onça pintalgada que depois se maquilhou com crayolas enquanto completamente embriagada" pelo corpo todo. Portanto, farto desta irritante combinação, resolvi investigar numa marca que não conhecia, mas que aparentemente é semi-orgânica e têm menos produtos químicos que as outras. Investi algo mais do que o costume e encomendei Crabtree and Evelyn Sandalwood Hair and Body Wash. E pela segunda vez, o investimento resultou. Nada de manchas e de irritação. Vale a pena investir um pouco mais, aparentemente.
Terceira coisa... Homem que é homem tem que cheirar bem. Cheirar a cavalo é para broncos machistas que não têm amor próprio... Logo, comprei o meu amado Armani Code como pefume. Este não foi um salto de fé, já sabia que gostava. Mas gosto de publicitar descaradamente as coisas que gosto, portanto aí está!
Eu tenho uma combinação muito infeliz na cara (para além da própria cara): uma barba que parece palha de aço sobre uma pele que é extremamente sensível aos terríveis razor burns e àqueles cortes irritantes que deixam a pele vermelha e mal tratada. Até hoje, não tinha experimentado nenhum produto que resolvesse isso (e acreditem, já experimentei muitos). Até hoje, que chegou uma coisa da qual tinha lido boas críticas e que resolvi experimentar. Meus caros, resultou de uma forma brilhante e, finalmente, não tenho um único corte na cara: o produto chama-se Bluebeard's Revenge Pre-Shave Oil e resolveu, numa só aplicação, o tal problema que me perseguia. Outra coisa que me agrada: não tem parabenos, não é testado em animais, é feito com igredientes vegan-friendly e tem um aroma bem agradável. O senão: não é exactamente barato.
Passando ao segundo pecado que cometi hoje... A minha pele é sensível não só na cara. Logo, não me dou muito bem com gel de banho e champô de supermercado. Usualmente, fico com irritações e manchas do género "onça pintalgada que depois se maquilhou com crayolas enquanto completamente embriagada" pelo corpo todo. Portanto, farto desta irritante combinação, resolvi investigar numa marca que não conhecia, mas que aparentemente é semi-orgânica e têm menos produtos químicos que as outras. Investi algo mais do que o costume e encomendei Crabtree and Evelyn Sandalwood Hair and Body Wash. E pela segunda vez, o investimento resultou. Nada de manchas e de irritação. Vale a pena investir um pouco mais, aparentemente.
Terceira coisa... Homem que é homem tem que cheirar bem. Cheirar a cavalo é para broncos machistas que não têm amor próprio... Logo, comprei o meu amado Armani Code como pefume. Este não foi um salto de fé, já sabia que gostava. Mas gosto de publicitar descaradamente as coisas que gosto, portanto aí está!
The Bluebeards Revenge Pre-Shave Oil 125ml
€13,59 em feelunique.com
Crabtree and Evelyn Sandalwood Hair and Shower Gel 300ml
€14,59 em feelunique.com
Penso que o Armani Code dispensa fotografia!
Juro que amanhã volto aos artigos sérios.
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Da Esperança
Neste país que tomei como minha segunda casa - a Grécia, berço da Democracia, da civilização ocidental, do teatro e da comédia - uma mudança aconteceu. Uma mudança que tem raízes mais profundas na esperança, no cansaço de ver sempre o mesmo, e também no desespero.
Não sei se esta mudança será para melhor - as intenções são boas, o programa do partido que venceu as eleições é um balde de água fria nos velhos do restelo que nos impõem a teoria que a crise só pode ser resolvida com austeridade, cortes e diminuição da qualidade de vida, com a destruição do estado social e com o ataque às partes mais frágeis da sociedade - deixando os privilégios dos mais ricos e dos oligarcas intactos. Não sei se será para melhor pois não sei se será possível implementar o programa pretendido - já começa a chantagem, a política do medo, as ameaças dos países (não dos povos, mas dos governos) que não querem deixar que se tente algo novo, talvez por medo que resulte e que prove que existe outro caminho.
O povo grego, que muitos não respeitam (tal como não respeitam Portugal, Espanha e Itália - o famoso acrónimo anglo-saxónico P.I.G.S deixa bem claras as ideias de algumas partes da sociedade do norte da Europa quanto aos povos do Mediterrâneo) quis dizer não e ir por outro caminho. Tentar algo novo, diferente e assustador. Dar o poder à verdadeira Esquerda, não ao centro. Farto do centro estamos nós. O Syriza (por muito que me possa provar errado nos próximos anos) parece-me diferente. Parece-me honesto nas suas intenções e, sem esconder o que pretende, conseguiu ganhar as eleições - apesar de todas as ameaças, de todo o "medo" que tentaram colocar no povo Grego, apesar de tudo - venceram.
Num país profundamente religioso (a Grécia é um dos poucos países europeus com uma religião de estado) um líder ateu e um partido laico ganharam.
Num país com um praga de corrupção - um partido anti-corrupção e um líder até agora não corrompido pelos grandes interesses, foram eleitos.
Num país com famílias (ou melhor, dinastias) políticas, um líder vindo do nada (Alexis Tsipras não é de uma família com tradição política) ganhou.
Num país cheio de oligarcas, um partido anti-poder ganhou as eleições, apesar de tentarem incutir no eleitorado a mentira da irresponsabilidade da Esquerda.
Estou confiante que este partido (ex-coligação de tendências diferentes, um pouco como o nosso Bloco de Esquerda, mas aparentemente mais preocupado com o país e o Povo do que com poder interno) vai dar uma lição de governação a toda a Europa.
Mas agora, falemos da outra face da moeda; o voto de protesto, de desespero, pode dar para dois lados: ou para a esquerda mais radical, mais anti-poder, ou para a direita xenófoba e quase neo-nazi (digo quase pois o partido que falarei a seguir recusa essa denominação).
O terceiro partido mais votado foi o Aurora Dourada. Este é um partido anti-imigração, anti-democracia, anti-tudo. Os seus líderes foram implicados em assassinatos, em manifestações pró-nazis e muitos deles estão presos (incluindo o líder). Não vi tanto medo com um partido de extrema-direita ser o terceiro mais votado como com um partido de esquerda radical ser o mais votado e eleito para o governo. Não ouvi ninguém discutir os dois programas. Será que a Europa tem mais medo da extrema-esquerda do que da extrema-direita? Esquecem o que se passou no passado século?
Bem, o que peço ao povo português é que saia também do centro. Que seja capaz de dizer "basta!" como os gregos disseram. Se correr bem, como estou confiante que correrá na Grécia, poderá ser a nossa forma de sair da gaiola dourada em que nos aprisionaram (somos membros de uma União Europeia, aparentemente igual para todos, mas não temos a mesma voz que o centro e norte da Europa). Não gostaria que a União Europeia se desmembrasse (nem essa é a ideia do Syriza também) nem que os países do sul saissem do Euro (a moeda única é uma ideia brilhante, mas tem que ser uma ideia brilhante para todos) mas gostaria de ver uma frente unida dos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia) para que estas regiões tenham mais poder na Europa.
Por fim deixo-vos o convite a lerem o programa do Syriza (o Manifesto de Salónica / Thessaloniki Manifesto) para que tirem as vossas próprias conclusões e percebam que, talvez, exista outro caminho para a Europa:
Manifesto de Salónica (what the Syriza government will do)
Carta Aberta de Alexis Tsipras aos eleitores Alemães
Não sei se esta mudança será para melhor - as intenções são boas, o programa do partido que venceu as eleições é um balde de água fria nos velhos do restelo que nos impõem a teoria que a crise só pode ser resolvida com austeridade, cortes e diminuição da qualidade de vida, com a destruição do estado social e com o ataque às partes mais frágeis da sociedade - deixando os privilégios dos mais ricos e dos oligarcas intactos. Não sei se será para melhor pois não sei se será possível implementar o programa pretendido - já começa a chantagem, a política do medo, as ameaças dos países (não dos povos, mas dos governos) que não querem deixar que se tente algo novo, talvez por medo que resulte e que prove que existe outro caminho.
O povo grego, que muitos não respeitam (tal como não respeitam Portugal, Espanha e Itália - o famoso acrónimo anglo-saxónico P.I.G.S deixa bem claras as ideias de algumas partes da sociedade do norte da Europa quanto aos povos do Mediterrâneo) quis dizer não e ir por outro caminho. Tentar algo novo, diferente e assustador. Dar o poder à verdadeira Esquerda, não ao centro. Farto do centro estamos nós. O Syriza (por muito que me possa provar errado nos próximos anos) parece-me diferente. Parece-me honesto nas suas intenções e, sem esconder o que pretende, conseguiu ganhar as eleições - apesar de todas as ameaças, de todo o "medo" que tentaram colocar no povo Grego, apesar de tudo - venceram.
Num país profundamente religioso (a Grécia é um dos poucos países europeus com uma religião de estado) um líder ateu e um partido laico ganharam.
Num país com um praga de corrupção - um partido anti-corrupção e um líder até agora não corrompido pelos grandes interesses, foram eleitos.
Num país com famílias (ou melhor, dinastias) políticas, um líder vindo do nada (Alexis Tsipras não é de uma família com tradição política) ganhou.
Num país cheio de oligarcas, um partido anti-poder ganhou as eleições, apesar de tentarem incutir no eleitorado a mentira da irresponsabilidade da Esquerda.
Estou confiante que este partido (ex-coligação de tendências diferentes, um pouco como o nosso Bloco de Esquerda, mas aparentemente mais preocupado com o país e o Povo do que com poder interno) vai dar uma lição de governação a toda a Europa.
Mas agora, falemos da outra face da moeda; o voto de protesto, de desespero, pode dar para dois lados: ou para a esquerda mais radical, mais anti-poder, ou para a direita xenófoba e quase neo-nazi (digo quase pois o partido que falarei a seguir recusa essa denominação).
O terceiro partido mais votado foi o Aurora Dourada. Este é um partido anti-imigração, anti-democracia, anti-tudo. Os seus líderes foram implicados em assassinatos, em manifestações pró-nazis e muitos deles estão presos (incluindo o líder). Não vi tanto medo com um partido de extrema-direita ser o terceiro mais votado como com um partido de esquerda radical ser o mais votado e eleito para o governo. Não ouvi ninguém discutir os dois programas. Será que a Europa tem mais medo da extrema-esquerda do que da extrema-direita? Esquecem o que se passou no passado século?
Bem, o que peço ao povo português é que saia também do centro. Que seja capaz de dizer "basta!" como os gregos disseram. Se correr bem, como estou confiante que correrá na Grécia, poderá ser a nossa forma de sair da gaiola dourada em que nos aprisionaram (somos membros de uma União Europeia, aparentemente igual para todos, mas não temos a mesma voz que o centro e norte da Europa). Não gostaria que a União Europeia se desmembrasse (nem essa é a ideia do Syriza também) nem que os países do sul saissem do Euro (a moeda única é uma ideia brilhante, mas tem que ser uma ideia brilhante para todos) mas gostaria de ver uma frente unida dos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia) para que estas regiões tenham mais poder na Europa.
Por fim deixo-vos o convite a lerem o programa do Syriza (o Manifesto de Salónica / Thessaloniki Manifesto) para que tirem as vossas próprias conclusões e percebam que, talvez, exista outro caminho para a Europa:
Manifesto de Salónica (what the Syriza government will do)
Carta Aberta de Alexis Tsipras aos eleitores Alemães
Nota: Os textos e imagens foram retirados do site oficial do Syriza (syriza.gr) e serão retirados no caso de existir uma queixa formal do partido. São usados apenas para fins educacionais. Os textos apresentados estão em Inglês, traduzidos do original grego, que pode também ser encontrado no site. Se não conseguirem compreender Inglês, terei todo o gosto em traduzir, bastando para isso enviarem-me um e-mail.
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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Atenas
Um post muito pequeno, para vos mostrar as melhores partes desta cidade (acreditem, a Atenas real não é tão bonita assim):
Todas as fotos são originais meus.
![]() |
Atenas vista do Monte Lycabettus |
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Acrópole vista do Monte Lycabettus |
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Uma igreja ortodoxa na Avenida Eleftherios Venizelou (o pai da democracia moderna grega) |
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Atenas vista da Acrópole |
Todas as fotos são originais meus.
sábado, 10 de janeiro de 2015
Do Extremismo
Não escrevi isto mais cedo porque quis começar os posts de 2015 de uma forma mais positiva. Não quis embrenhar-me no que penso sobre o que aconteceu ao Charlie Hebdo, porque me aterroriza.
Mas o facto é que ninguém que escreva e que se considere livre pode ignorar o que se passou. Urge falar de extremismo. O que aconteceu em Paris não pode ser justificado. Nem sequer se pode tentar fazê-lo. Envergonha-me profundamente ver alguns comentários em redes sociais que dizem que os cartoonistas se "puseram a jeito". Que ofenderam a religião islâmica. E eu pergunto: e depois? Não ofenderam também as outras religiões? Não brincaram também com a extrema direita, com a extrema esquerda, com a pedofilia na Igreja Católica - basicamente com tudo? É isto o humor. O humor e a liberdade de expressão não podem ser ameaçadas por extremismos, venham eles de onde vierem. E isto leva-nos à outra questão: desta vez foi extremismo de uma cambada de selvagens que dizem que professam uma religião. Não, eles são criminosos comuns e não professam qualquer religião. Por favor não confundam a religião Islâmica com extremismo. Existem idiotas deste género em todo o lado - nas religiões, na política, no futebol... Vejo muitas pessoas a escreverem que os atentados são quase todos feitos por muçulmanos. Anders Breivik lembra-vos alguma coisa?
A outra coisa que me assusta é que aparentemente quem vai ganhar com isto é Marine Le Pen e a sua Front National. Portanto, vamos responder ao extremismo com mais extremismo. É isto que queremos para a Europa? Lutamos pelo sonho Europeu de integração e igualdade elegendo um partido que é contra ambas? Não tenho mais palavras.
Nota: Não posso ser apenas Charlie. Ahmed foi um dos elementos da polícia francesa que morreu para defender a liberdade de expressão. Era muçulmano, por isso utilizo o nome dele. Mas sou também todas as pessoas que morreram nos atentados no Iraque, em Espanha, na Irlanda, em Israel, na Palestina e em todos os outros países. Sou todos eles e não sou nenhum deles. Não posso ser. Não tenho voz suficiente para isso. Sou também todos os civis que morrem em guerras que não são as delas. Sou contra o extremismo e sou contra pessoas morrerem seja porque causa estúpida for. Sou Charlie, sou Ahmed, sou Theo Van Gogh, sou Dalia Lamkus, sou Ayman Ziad e sou milhares de outros. E estou destruído e revoltado. Está na altura desta loucura acabar.
Mas o facto é que ninguém que escreva e que se considere livre pode ignorar o que se passou. Urge falar de extremismo. O que aconteceu em Paris não pode ser justificado. Nem sequer se pode tentar fazê-lo. Envergonha-me profundamente ver alguns comentários em redes sociais que dizem que os cartoonistas se "puseram a jeito". Que ofenderam a religião islâmica. E eu pergunto: e depois? Não ofenderam também as outras religiões? Não brincaram também com a extrema direita, com a extrema esquerda, com a pedofilia na Igreja Católica - basicamente com tudo? É isto o humor. O humor e a liberdade de expressão não podem ser ameaçadas por extremismos, venham eles de onde vierem. E isto leva-nos à outra questão: desta vez foi extremismo de uma cambada de selvagens que dizem que professam uma religião. Não, eles são criminosos comuns e não professam qualquer religião. Por favor não confundam a religião Islâmica com extremismo. Existem idiotas deste género em todo o lado - nas religiões, na política, no futebol... Vejo muitas pessoas a escreverem que os atentados são quase todos feitos por muçulmanos. Anders Breivik lembra-vos alguma coisa?
A outra coisa que me assusta é que aparentemente quem vai ganhar com isto é Marine Le Pen e a sua Front National. Portanto, vamos responder ao extremismo com mais extremismo. É isto que queremos para a Europa? Lutamos pelo sonho Europeu de integração e igualdade elegendo um partido que é contra ambas? Não tenho mais palavras.
Nota: Não posso ser apenas Charlie. Ahmed foi um dos elementos da polícia francesa que morreu para defender a liberdade de expressão. Era muçulmano, por isso utilizo o nome dele. Mas sou também todas as pessoas que morreram nos atentados no Iraque, em Espanha, na Irlanda, em Israel, na Palestina e em todos os outros países. Sou todos eles e não sou nenhum deles. Não posso ser. Não tenho voz suficiente para isso. Sou também todos os civis que morrem em guerras que não são as delas. Sou contra o extremismo e sou contra pessoas morrerem seja porque causa estúpida for. Sou Charlie, sou Ahmed, sou Theo Van Gogh, sou Dalia Lamkus, sou Ayman Ziad e sou milhares de outros. E estou destruído e revoltado. Está na altura desta loucura acabar.
Pornografia Betinha
Bem, chegou um novo ano. Na verdade, o ano já chegou à 10 dias, mas estive muito ocupado a curar as ressacas para escrever uma posta de pescada de boas vindas a 2015 mais cedo. E a posta de pescada que escrevo hoje nem sequer é sobre o novo ano, é sobre um conceito que me anda a atormentar à alguns meses e que tenho que partilhar com o mundo. Não é um conceito novo, lembro-me vagamente de alguém o ter apresentado à uns anos (terão sido os Gato Fedorento - sinceramente não me lembro, mas se foram, obrigado por terem colocado essa imagem na minha cabeça, seus sacanas).
E que conceito é este? Ora, se leram o título deste post (e é uma cena que todos deviam fazer antes de começar a ler os textos - tenho que vos ensinar tudo, pá) é o conceito de pornografia betinha. Como especialista reconhecido (pelo menos pelas cookies que os sites de pornografia escondem, muito simpaticamente, no meu computador e também pelo histórico de busca do meu navegador internet) em pornografia, conheço dezenas (para não dizer milhares) de subgéneros de pornografia (estou a escrever centenas de vezes pornografia para puxar este artigo para cima nas buscas - peço desde já desculpa aos incautos que fizeram uma procura e em vez de irem parar a páginas com frondosas mamalhudas e gigantescos orgãos sexuais masculinos, vieram para a este mísero blog de uma mente atormentada): existem os géneros mais mainstream (envolvendo milfs, teens, girl-on-girl, guy-on-girl, guy-on-guy, asian, e por aí fora) e depois existem os géneros, digamos, mais especializados (usualmente, e sei isto por experiência própria, não é uma boa ideia aventurarem-se por aí - os sites de pornografia não são exactamente o Youtube - nunca irão ver um vídeo de gatinhos fofinhos - e se virem um gato num vídeo destes - parabéns, chegaram à parte japonesa do site). Tudo isto para dizer que, embora existam milhares de géneros porn, não existe ninguém que aposte neste - o dos betinhos. E perguntam-me vocês, de olhos (espero eu que sejam só os olhos) arregalados, em que consistiria a pornografia betinha. Ora bem, a pornografia betinha teria, antes de mais, de ter um cenário diferente do usual apartamento ou garagem ou escola (settings muito low-budget para este tipo de coisa). Um vídeo deste tipo teria que ser, obviamente, gravada numa estância de esqui (como Aspen) ou numa cidade de nível (como Cascais ou Sintra - e nada de motéis). Teria que ser em algo com o Lawrence ou a Quinta da Regaleira (já imaginaram as posições acrobáticas que o poço iniciático da Regaleira proporciona?). Depois, a música não podia ser o típico sintetizador de todos os clips. Se o filme for português, apostaria num José Cid. Se fosse internacional, e se o orçamento assim o permitisse, estou a pensar num score do John Williams (já imaginaram o que seria, no culminar do acto, ouvir-se um crescendo à la Star Wars? Imaginem a classe). Depois, a parte mais importante - os actores. Não poderia ser o típico gajo musculado cheio de tatuagens e a bimba do costume. Teríamos que apostar em algo mais hipster. Não sei exactamente o quê, mas aceitam-se ideias. Os actos em si, também teriam de ter nomes menos parvos, reverse cowgirl não está com nada. Vamos dar nomes mais filosóficos à coisa, e vamos tentar fazê-lo por ordem:
Parte 1 - Debate Sobre a Necessidade de Uma Segunda Pele
Parte 2 - Dialogando Sobre Uma Possível Interação Intíma
Parte 3 - A Serpente Esconde-se Nos Confins da Amígdala
Parte 4 - Explicação Prática Sobre Anatomia em Movimento (4 módulos)
Parte 5 - Recriando o Velho Oeste em Reverso
Parte 6 - Explorando Recantos Nunca Explorados
Parte 7 - Subjugando os Desejos Carnais Até ao Momento Certo
Parte 8 - Anatomia em Movimento Revisitada
Parte 9 - Reflexão Sobre a Libertação de Líquidos e a Sua Consistência Quando em Contacto com Superfícies Sólidas
Acredito que este novo nicho terá sucesso num mercado tão saturado e repetitivo como os vídeos para adultos. Sinceramente, já nem dá vontade de ver 10 vezes o mesmo vídeo. Ou então não, e sou só eu que sou parvo.
Leitura Relacionada (NSFW - Não Seguro Para o Trabalho nem Para Menores)
E que conceito é este? Ora, se leram o título deste post (e é uma cena que todos deviam fazer antes de começar a ler os textos - tenho que vos ensinar tudo, pá) é o conceito de pornografia betinha. Como especialista reconhecido (pelo menos pelas cookies que os sites de pornografia escondem, muito simpaticamente, no meu computador e também pelo histórico de busca do meu navegador internet) em pornografia, conheço dezenas (para não dizer milhares) de subgéneros de pornografia (estou a escrever centenas de vezes pornografia para puxar este artigo para cima nas buscas - peço desde já desculpa aos incautos que fizeram uma procura e em vez de irem parar a páginas com frondosas mamalhudas e gigantescos orgãos sexuais masculinos, vieram para a este mísero blog de uma mente atormentada): existem os géneros mais mainstream (envolvendo milfs, teens, girl-on-girl, guy-on-girl, guy-on-guy, asian, e por aí fora) e depois existem os géneros, digamos, mais especializados (usualmente, e sei isto por experiência própria, não é uma boa ideia aventurarem-se por aí - os sites de pornografia não são exactamente o Youtube - nunca irão ver um vídeo de gatinhos fofinhos - e se virem um gato num vídeo destes - parabéns, chegaram à parte japonesa do site). Tudo isto para dizer que, embora existam milhares de géneros porn, não existe ninguém que aposte neste - o dos betinhos. E perguntam-me vocês, de olhos (espero eu que sejam só os olhos) arregalados, em que consistiria a pornografia betinha. Ora bem, a pornografia betinha teria, antes de mais, de ter um cenário diferente do usual apartamento ou garagem ou escola (settings muito low-budget para este tipo de coisa). Um vídeo deste tipo teria que ser, obviamente, gravada numa estância de esqui (como Aspen) ou numa cidade de nível (como Cascais ou Sintra - e nada de motéis). Teria que ser em algo com o Lawrence ou a Quinta da Regaleira (já imaginaram as posições acrobáticas que o poço iniciático da Regaleira proporciona?). Depois, a música não podia ser o típico sintetizador de todos os clips. Se o filme for português, apostaria num José Cid. Se fosse internacional, e se o orçamento assim o permitisse, estou a pensar num score do John Williams (já imaginaram o que seria, no culminar do acto, ouvir-se um crescendo à la Star Wars? Imaginem a classe). Depois, a parte mais importante - os actores. Não poderia ser o típico gajo musculado cheio de tatuagens e a bimba do costume. Teríamos que apostar em algo mais hipster. Não sei exactamente o quê, mas aceitam-se ideias. Os actos em si, também teriam de ter nomes menos parvos, reverse cowgirl não está com nada. Vamos dar nomes mais filosóficos à coisa, e vamos tentar fazê-lo por ordem:
Parte 1 - Debate Sobre a Necessidade de Uma Segunda Pele
Parte 2 - Dialogando Sobre Uma Possível Interação Intíma
Parte 3 - A Serpente Esconde-se Nos Confins da Amígdala
Parte 4 - Explicação Prática Sobre Anatomia em Movimento (4 módulos)
Parte 5 - Recriando o Velho Oeste em Reverso
Parte 6 - Explorando Recantos Nunca Explorados
Parte 7 - Subjugando os Desejos Carnais Até ao Momento Certo
Parte 8 - Anatomia em Movimento Revisitada
Parte 9 - Reflexão Sobre a Libertação de Líquidos e a Sua Consistência Quando em Contacto com Superfícies Sólidas
Acredito que este novo nicho terá sucesso num mercado tão saturado e repetitivo como os vídeos para adultos. Sinceramente, já nem dá vontade de ver 10 vezes o mesmo vídeo. Ou então não, e sou só eu que sou parvo.
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