O Estado Islâmico (e como me custa chamar-lhes estado) tomou Palmyra, uma cidade património mundial, por onde passaram quase todas as civilizações da história do Mediterrâneo. Isto, por muito que me doa, é um facto e não pode ser negado.
Aquela cambada de bestas, que não são Muçulmanos nem Islâmicos (porque Muçulmanos e Islâmicos são humanos e não animais mentecaptos), arvora-se em defensora de um estilo de governação de acordo com uma lei Islâmica que nem os próprios teólogos conhecem. Esta lei exige que mulheres sejam maltratadas, crianças violadas, povos dizimados, homens escravizados e agora, numa manifestação de terrorismo cultural, cidades históricas sejam destruídas.
Porquê? Dizem eles que a representação de outras religiões e outras culturas é uma afronta ao sagrado livro do Corão. Custa-me que uma religião que é tolerante (mais tolerante de que muitos reinos cristãos na Idade Média, pelo menos) esteja a ser usada por um punhado de energúmenos para justificar a sua sede de destruição e os seus instintos de psicopatas.
Palmyra é uma cidade que nos demonstra como as Civilizações evoluem - foi conquistada por Helenos, Romanos e Persas e nenhum deles destruiu os vestígios dos outros. Claro que em guerras de conquista acontecem e irão acontecer sempre perdas humanas, mas não confundamos perdas humanas (que não são justificadas, mas que irão sempre acontecer devido a necessidade do Homem roubar território a outros - é a competividade no seu nível mais básico) com perdas desnecessárias de um património que a ninguém pertence, pertencendo a toda a Humanidade, sendo o testemunho dos nossos antepassados e da nossa evolução.
Lembram-se dos Budas de Bamyan? Destruídos pelos Taliban porque eram contra a religião? Foi outro exemplo terrível de como alguns idiotas de mente controlada podem cometer os mais horrendos crimes contra a humanidade e não serem punidos até muito depois, por razões completamente diferentes. Que se lixe o nosso património cultural (e para além disso, que se lixem os povos que vivem sobre o domínio destes animais) enquanto não nos tocar a nós. É o big game diplomático, as considerações políticas que se sobrepõem a uma identidade partilhada que todos temos, supostamente.
O que me confunde ainda mais é como jovens ocidentais (e orientais e árabes), supostamente criados com acesso a informação e numa sociedade multi-cultural, podem querer de alguma forma juntar-se a reles gentalha como esta. Isto não é uma guerra de libertação, não é um statement político (que também é estúpido, aliás), não é sequer uma revolta. É provocar o caos pelo caos. É juntar-se a uma trupe que se delicia com a morte, a destruição e a confusão, embrulhados num manto de retalhos de uma religião que nada tem a ver com eles, para esconder que os líderes são algumas mentes desarranjadas mas carismáticas que encontram um grupo de gente fácil de influenciar para os seguir (o que, diga-se de passagem, é uma característica dos cultos apocalipticos e dos psicopatas).
Não sei se iremos a tempo de salvar Palmyra, como não fomos a tempo de salvar Bamyan. Mas vamos a tempo de salvar o resto e de libertar estes povos da garra destes idiotas. Sou contra a guerra em quase todos os pontos, mas desta vez digo aos senhores dos governos - vão para cima deles com tudo. Mas os senhores do governo não vão. Palmyra é cultura e história, mas não tem petróleo.
Image from Wikipedia: "Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis" by Arian Zwegers - Flickr: Palmyra, view from Qalaat Ibn Maan, Temple of Bel and colonnaded axis. Licensed under CC BY 2.0 via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg#/media/File:Palmyra,_view_from_Qalaat_Ibn_Maan,_Temple_of_Bel_and_colonnaded_axis.jpg
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