Translate This Blog (at your own risk)

terça-feira, 30 de julho de 2013

The Pall Mall Man (ficção)

Rua pouco iluminada. Candeeiros partidos, graffitis nas paredes, todo o ar típico de um bairro perigoso. Esquadra da polícia com carros-patrulha à porta, bandeiras sem vento, música alta de automóveis com mau aspecto. Cheirava a jantar. Algum prato vindo dos confins de além-mar, com aromas que não conseguia distinguir. Mãos nos bolsos, o homem andava sem destino. Não sabia exactamente o que estava ali a fazer. Aliás, ele nem sequer sabia exactamente quem era. Olhos meio fechados, o homem caminhava em frente. Sempre em frente. Não interessava o destino, o que interessava era andar. Nunca parou. Não parou até chegar ao sítio que não existia, apenas na sua mente. No seu coração. Na sua vida. Por alguma razão, ele ali estava, sentindo-se estranho, mas em casa.
Acendeu um cigarro. Pall Mall. Aspirou o fumo, cada vez que inspirava nicotina sentia-se feliz. Era a única coisa que lhe lembrava dias melhores. Os cigarros matavam-no, mas ele já estava morto. Dançou uma última vez. O cheiro inebriou-o. Desapareceram as dores. Ele deixou de existir, desfez-se em fumo. E ninguém deu pela sua falta.


Sem comentários:

Enviar um comentário