Nem sei porque estou a escrever outra vez, nem compreendo porque senti hoje a necessidade de falar disto mas acho que foi porque me saiu um peso de cima (mesmo que de uma forma meio retardada) e isso fez-me pensar nos outros pesos que tenho e que preciso de colocar cá para fora, para tentar que a minha alma fique meio mais leve, para ver se os meus nervos deixam de parecer fogo de artificio e para exorcizar estes demónios que andam para aqui a fazer uma rave dentro do meu cérebro.
Quem me conhece bem - seja porque é meu amigo ou porque teve a infelicidade de ter que me aturar por circunstâncias da vida - sabe que sou uma pessoa estranha. Os meus humores mudam com muita facilidade, ofendo-me facilmente mas também amo facilmente - não necessariamente amor físico, mas farei tudo por quem gosto e penso que é isso que realmente define o amor - mas em suma, sou alguém bem difícil de aturar. O que me dizem a maior parte das pessoas é que preciso urgentemente de terapia, mas acho que me habituei tanto a ter estas coisas dentro de mim que não consigo visualizar a vida de outra forma. A única terapia que tive terminou comigo a ofender a terapeuta numa das minhas dezenas de mood swings e digamos que sou persona non grata para a maior parte dos psiquiatras, psicólogos e afins que a conheciam. Logo, terapia está fora de questão e única forma que tenho de me expressar é aqui ou chateando pessoas em que confio - coisa que prometi a mim mesmo que deixaria de fazer.
O meu problema é que sou obcecado e tenho uma personalidade que se dá à adição. Aliás, obsessão e adição são duas merdas muito semelhantes que acontecem a pessoas que estão habituadas a desespero, destruição e caos - quando tudo começa a correr não diria bem, mas pelo menos quando parece que existe um bocadinho de estabilidade na tua vida, tentas encontrar uma coisa qualquer que te foda os planos de novo - pode ser obsessão por uma pessoa, pode ser uma adição a uma porcaria química qualquer ou pode ser simplesmente encontrar problemas onde não existem nenhuns e remoeres neles até estares no mesmo círculo vicioso novamente.
Cometes os mesmos erros milhares de vezes e mesmo assim não aprendes. És tipo uma traça atraída para a luz. Sabes que aquilo te vai magoar, mas parece que não consegues resistir. Estás consciente que a culpa de estares como estás é apenas e só tua e quando alguém te estende a mão e te tenta ajudar, a tua primeira reação é fugires a sete pés. Parece que te sentes bem no meio da porcaria, gostas de ser a vítima (quando não és vítima alguma) e atiras-te para o poço de merda uma e outra vez e andas lá a chafurdar que nem um porco - um porco deprimido e triste, mas um porco. As pessoas começam a pensar que és um filho da puta e afastam-se e tu acordas para a vida, ficas bem durante uns meses ou uns anos - e depois lá vais tu de novo, saltitando todo contente para a piscina de estrume a que estás habituado. É algo de que podes fugir, basta um esforço (se é pequeno ou grande não interessa, mas é exequível) mas parece que não te queres dar ao trabalho.
Tudo o que escrevi acima é o que me impede de ser melhor pessoa ou deixar de ser uma besta. São merdas que me acontecem constantemente e que tenho feito um esforço consciente para suprimir. Mas elas ainda cá estão, a tentar subir à superfície e sair para me foderem a vida de novo. Como dizem, um agarrado será sempre um agarrado - e isso é válido para tudo... Quando tens uma adição a uma coisa qualquer, quando deixas apenas substituis por outra merda . Precisas de alguma coisa que te anestesie o cérebro e o corpo apenas para conseguir prosseguir e dar mais um passo e manter a aparência de uma vida normal. Até tens um sorriso na cara, mas por dentro está tudo a arder. Tentas mudar todos os dias - por ti e pelos outros - mas está lá dentro tudo pronto para explodir.
Enfim, já vai longo o desabafo e embora os pequenos demónios que andam aqui dentro não tenham saído todos, acho que consegui expulsar alguns. Os próximos capítulos da minha saga de idiotice o dirão. Desculpem-me a caldeirada de palavras e a falta de sentido de muito do que disse, mas precisava disto.
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