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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Da Esperança

Neste país que tomei como minha segunda casa - a Grécia, berço da Democracia, da civilização ocidental, do teatro e da comédia - uma mudança aconteceu. Uma mudança que tem raízes mais profundas na esperança, no cansaço de ver sempre o mesmo, e também no desespero.
Não sei se esta mudança será para melhor - as intenções são boas, o programa do partido que venceu as eleições é um balde de água fria nos velhos do restelo que nos impõem a teoria que a crise só pode ser resolvida com austeridade, cortes e diminuição da qualidade de vida, com a destruição do estado social e com o ataque às partes mais frágeis da sociedade - deixando os privilégios dos mais ricos e dos oligarcas intactos. Não sei se será para melhor pois não sei se será possível implementar o programa pretendido - já começa a chantagem, a política do medo, as ameaças dos países (não dos povos, mas dos governos) que não querem deixar que se tente algo novo, talvez por medo que resulte e que prove que existe outro caminho.
O povo grego, que muitos não respeitam (tal como não respeitam Portugal, Espanha e Itália - o famoso acrónimo anglo-saxónico P.I.G.S deixa bem claras as ideias de algumas partes da sociedade do norte da Europa quanto aos povos do Mediterrâneo) quis dizer não e ir por outro caminho. Tentar algo novo, diferente e assustador. Dar o poder à verdadeira Esquerda, não ao centro. Farto do centro estamos nós. O Syriza (por muito que me possa provar errado nos próximos anos) parece-me diferente. Parece-me honesto nas suas intenções e, sem esconder o que pretende, conseguiu ganhar as eleições - apesar de todas as ameaças, de todo o "medo" que tentaram colocar no povo Grego, apesar de tudo - venceram.
Num país profundamente religioso (a Grécia é um dos poucos países europeus com uma religião de estado) um líder ateu e um partido laico ganharam.
Num país com um praga de corrupção - um partido anti-corrupção e um líder até agora não corrompido pelos grandes interesses, foram eleitos.
Num país com famílias (ou melhor, dinastias) políticas, um líder vindo do nada (Alexis Tsipras não é de uma família com tradição política) ganhou.
Num país cheio de oligarcas, um partido anti-poder ganhou as eleições, apesar de tentarem incutir no eleitorado a mentira da irresponsabilidade da Esquerda.
Estou confiante que este partido (ex-coligação de tendências diferentes, um pouco como o nosso Bloco de Esquerda, mas aparentemente mais preocupado com o país e o Povo do que com poder interno) vai dar uma lição de governação a toda a Europa.

Mas agora, falemos da outra face da moeda; o voto de protesto, de desespero, pode dar para dois lados: ou para a esquerda mais radical, mais anti-poder, ou para a direita xenófoba e quase neo-nazi (digo quase pois o partido que falarei a seguir recusa essa denominação).
O terceiro partido mais votado foi o Aurora Dourada. Este é um partido anti-imigração, anti-democracia, anti-tudo. Os seus líderes foram implicados em assassinatos, em manifestações pró-nazis e muitos deles estão presos (incluindo o líder). Não vi tanto medo com um partido de extrema-direita ser o terceiro mais votado como com um partido de esquerda radical ser o mais votado e eleito para o governo. Não ouvi ninguém discutir os dois programas. Será que a Europa tem mais medo da extrema-esquerda do que da extrema-direita? Esquecem o que se passou no passado século?

Bem, o que peço ao povo português é que saia também do centro. Que seja capaz de dizer "basta!" como os gregos disseram. Se correr bem, como estou confiante que correrá na Grécia, poderá ser a nossa forma de sair da gaiola dourada em que nos aprisionaram (somos membros de uma União Europeia, aparentemente igual para todos, mas não temos a mesma voz que o centro e norte da Europa). Não gostaria que a União Europeia se desmembrasse (nem essa é a ideia do Syriza também) nem que os países do sul saissem do Euro (a moeda única é uma ideia brilhante, mas tem que ser uma ideia brilhante para todos) mas gostaria de ver uma frente unida dos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia) para que estas regiões tenham mais poder na Europa.

Por fim deixo-vos o convite a lerem o programa do Syriza (o Manifesto de Salónica / Thessaloniki Manifesto) para que tirem as vossas próprias conclusões e percebam que, talvez, exista outro caminho para a Europa:

Manifesto de Salónica (what the Syriza government will do)

Carta Aberta de Alexis Tsipras aos eleitores Alemães



Nota: Os textos e imagens foram retirados do site oficial do Syriza (syriza.gr) e serão retirados no caso de existir uma queixa formal do partido. São usados apenas para fins educacionais. Os textos apresentados estão em Inglês, traduzidos do original grego, que pode também ser encontrado no site. Se não conseguirem compreender Inglês, terei todo o gosto em traduzir, bastando para isso enviarem-me um e-mail.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Atenas

Um post muito pequeno, para vos mostrar as melhores partes desta cidade (acreditem, a Atenas real não é tão bonita assim):

Atenas vista do Monte Lycabettus

Acrópole vista do Monte Lycabettus

Uma igreja ortodoxa na Avenida Eleftherios Venizelou (o pai da democracia moderna grega)

Atenas vista da Acrópole

Todas as fotos são originais meus.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Do Extremismo

Não escrevi isto mais cedo porque quis começar os posts de 2015 de uma forma mais positiva. Não quis embrenhar-me no que penso sobre o que aconteceu ao Charlie Hebdo, porque me aterroriza.
Mas o facto é que ninguém que escreva e que se considere livre pode ignorar o que se passou. Urge falar de extremismo. O que aconteceu em Paris não pode ser justificado. Nem sequer se pode tentar fazê-lo. Envergonha-me profundamente ver alguns comentários em redes sociais que dizem que os cartoonistas se "puseram a jeito". Que ofenderam a religião islâmica. E eu pergunto: e depois? Não ofenderam também as outras religiões? Não brincaram também com a extrema direita, com a extrema esquerda, com a pedofilia na Igreja Católica - basicamente com tudo? É isto o humor. O humor e a liberdade de expressão não podem ser ameaçadas por extremismos, venham eles de onde vierem. E isto leva-nos à outra questão: desta vez foi extremismo de uma cambada de selvagens que dizem que professam uma religião. Não, eles são criminosos comuns e não professam qualquer religião. Por favor não confundam a religião Islâmica com extremismo. Existem idiotas deste género em todo o lado - nas religiões, na política, no futebol... Vejo muitas pessoas a escreverem que os atentados são quase todos feitos por muçulmanos. Anders Breivik lembra-vos alguma coisa?
A outra coisa que me assusta é que aparentemente quem vai ganhar com isto é Marine Le Pen e a sua Front National. Portanto, vamos responder ao extremismo com mais extremismo. É isto que queremos para a Europa? Lutamos pelo sonho Europeu de integração e igualdade elegendo um partido que é contra ambas? Não tenho mais palavras.


Nota: Não posso ser apenas Charlie. Ahmed foi um dos elementos da polícia francesa que morreu para defender a liberdade de expressão. Era muçulmano, por isso utilizo o nome dele. Mas sou também todas as pessoas que morreram nos atentados no Iraque, em Espanha, na Irlanda, em Israel, na Palestina e em todos os outros países. Sou todos eles e não sou nenhum deles. Não posso ser. Não tenho voz suficiente para isso. Sou também todos os civis que morrem em guerras que não são as delas. Sou contra o extremismo e sou contra pessoas morrerem seja porque causa estúpida for. Sou Charlie, sou Ahmed, sou Theo Van Gogh, sou Dalia Lamkus, sou Ayman Ziad e sou milhares de outros. E estou destruído e revoltado. Está na altura desta loucura acabar.

Pornografia Betinha

Bem, chegou um novo ano. Na verdade, o ano já chegou à 10 dias, mas estive muito ocupado a curar as ressacas para escrever uma posta de pescada de boas vindas a 2015 mais cedo. E a posta de pescada que escrevo hoje nem sequer é sobre o novo ano, é sobre um conceito que me anda a atormentar à alguns meses e que tenho que partilhar com o mundo. Não é um conceito novo, lembro-me vagamente de alguém o ter apresentado à uns anos (terão sido os Gato Fedorento - sinceramente não me lembro, mas se foram, obrigado por terem colocado essa imagem na minha cabeça, seus sacanas).
E que conceito é este? Ora, se leram o título deste post (e é uma cena que todos deviam fazer antes de começar a ler os textos - tenho que vos ensinar tudo, pá) é o conceito de pornografia betinha. Como especialista reconhecido (pelo menos pelas cookies que os sites de pornografia escondem, muito simpaticamente, no meu computador e também pelo histórico de busca do meu navegador internet) em pornografia, conheço dezenas (para não dizer milhares) de subgéneros de pornografia (estou a escrever centenas de vezes pornografia para puxar este artigo para cima nas buscas - peço desde já desculpa aos incautos que fizeram uma procura e em vez de irem parar a páginas com frondosas mamalhudas e gigantescos orgãos sexuais masculinos, vieram para a este mísero blog de uma mente atormentada): existem os géneros mais mainstream (envolvendo milfs, teens, girl-on-girl, guy-on-girl, guy-on-guy, asian, e por aí fora) e depois existem os géneros, digamos, mais especializados (usualmente, e sei isto por experiência própria, não é uma boa ideia aventurarem-se por aí - os sites de pornografia não são exactamente o Youtube - nunca irão ver um vídeo de gatinhos fofinhos - e se virem um gato num vídeo destes - parabéns, chegaram à parte japonesa do site). Tudo isto para dizer que, embora existam milhares de géneros porn, não existe ninguém que aposte neste - o dos betinhos. E perguntam-me vocês, de olhos (espero eu que sejam só os olhos) arregalados, em que consistiria a pornografia betinha. Ora bem, a pornografia betinha teria, antes de mais, de ter um cenário diferente do usual apartamento ou garagem ou escola (settings muito low-budget para este tipo de coisa). Um vídeo deste tipo teria que ser, obviamente, gravada numa estância de esqui (como Aspen) ou numa cidade de nível (como Cascais ou Sintra - e nada de motéis). Teria que ser em algo com o Lawrence ou a Quinta da Regaleira (já imaginaram as posições acrobáticas que o poço iniciático da Regaleira proporciona?). Depois, a música não podia ser o típico sintetizador de todos os clips. Se o filme for português, apostaria num José Cid. Se fosse internacional, e se o orçamento assim o permitisse, estou a pensar num score do John Williams (já imaginaram o que seria, no culminar do acto, ouvir-se um crescendo à la Star Wars? Imaginem a classe). Depois, a parte mais importante - os actores. Não poderia ser o típico gajo musculado cheio de tatuagens e a bimba do costume. Teríamos que apostar em algo mais hipster. Não sei exactamente o quê, mas aceitam-se ideias. Os actos em si, também teriam de ter nomes menos parvos, reverse cowgirl não está com nada. Vamos dar nomes mais filosóficos à coisa, e vamos tentar fazê-lo por ordem:

Parte 1 - Debate Sobre a Necessidade de Uma Segunda Pele
Parte 2 - Dialogando Sobre Uma Possível Interação Intíma
Parte 3 - A Serpente Esconde-se Nos Confins da Amígdala
Parte 4 - Explicação Prática Sobre Anatomia em Movimento (4 módulos)
Parte 5 - Recriando o Velho Oeste em Reverso
Parte 6 - Explorando Recantos Nunca Explorados
Parte 7 - Subjugando os Desejos Carnais Até ao Momento Certo
Parte 8 - Anatomia em Movimento Revisitada
Parte 9 - Reflexão Sobre a Libertação de Líquidos e  a Sua Consistência Quando em Contacto com Superfícies Sólidas

Acredito que este novo nicho terá sucesso num mercado tão saturado e repetitivo como os vídeos para adultos. Sinceramente, já nem dá vontade de ver 10 vezes o mesmo vídeo. Ou então não, e sou só eu que sou parvo.

Leitura Relacionada (NSFW - Não Seguro Para o Trabalho nem Para Menores)