Prende-me na liberdade do teu sorriso
Silencia-me com a menina dançante do teu olhar
Torna-me um escravo dos teus desejos
Sem vontade de me libertar
Grita-me palavras cruas
Chora por coisas sem sentido
As nossas almas nuas
Um beijo meio perdido
Sem vontade de ser
Algo fingido
Quem me dera já nem saber quem sou
Quem me dera já nem existir
Quem me dera não saber quem me abandonou...
Postas de Pescada Fresquinhas, de um Gajo meio parvo ou a vida de um Idiota Romântico
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Inexistência Militante
Para quê ser livre
Se na verdade não o sou
Não sei de onde vim
Sei ainda menos para onde vou
Não existo sem ser na sombra
O silêncio é meu companheiro
Não tenho fé nem honra
Nem uma alma por inteiro...
Sou um filme a preto e branco
Uma música sem compasso
Vou-me sentando nas agruras da vida
E tudo se torna mais baço
Sorrisos sem sentido
Dou-os à noite e à Lua
Sinto-me perdido
E a minha mente está nua
Despido de mim próprio
Desta máscara que me atormenta
Já nem me tenho ódio
Apenas uma realidade em câmara lenta
Sou película partida
Copo estilhaçado
Sou fera ferida
Sou inimigo sem mudar de lado
Nada me sobrevive
Sou rei Midas ao contrário
A minha paixão pela vida não tem chama
Sou estrangeiro em solo pátrio
Tudo o que toco se transforma em lama
Sou fraco feito em forte
Sou prisão feita em liberdade
Sou vida feita em morte
Sou esperança feita em ansiedade!
SH 2013
Casa silenciosa, apenas os barulhos típicos de uma grande cidade, o ritmo da malícia, milhões de corações a bater em compasso acelerado. Quantas vidas se estarão a desfazer em pedaços no momento em que escrevo, em que a minha caneta massacra o papel com ideias estúpidas, com planos sem sentido? Quantas paixões finalizaram e começaram nestes poucos minutos que levo a ferir uma página de deambulações pelos cantos mais obscuros da minha alma?
Estou aqui, sinto o meu corpo aqui, mas não estou em lugar nenhum. Ser etéreo que vagueia nos becos da vida, entidade que existe apenas nos meus medos mais profundos, heterónimo sem graça, poeta sem jeito, operário de palavras vãs, herói de cópia de tragédia grega, com aquele pathos de desgraça sempre a pairar por cima da minha cabeça.
Procuro-me das formas menos normais, felicidade química que é apenas um sucedâneo de alegria.
Fazia tanto tempo que não escrevia, que não deixava as torrentes de desespero inundarem o meu livro de mágoas, que não deixava o meu desassossego apoderar-se de mim, que não deixava os meus fantasmas virem ao de cima.
Fazia tanto tempo que não pensava em ti, que não me lembrava dos teus olhos cravados na minha nuca, na flor que te ofereci no primeiro dia, que não me recordava das palavras trémulas que trocámos naquela noite, nos risos que partilhámos.
Lembro-me da primeira noite como se fosse hoje. Dois adolescentes inexperientes, pedrados até mais não, a tentarem fazer amor numa cama ainda cheia de peluches, a inocência dos nossos gritos, a essência pura do nosso prazer, o medo de sermos apanhados.
Recordo-me da música que nos acompanhou, "Se eu fosse um dia o teu Olhar", música que me persegue até hoje.
Lembro-me da adição. Lembro-me da agulha espetada na carne, lembro-me quando deixámos de sentir, lembro-me quando deixámos de amar. Quando o nosso único desejo passou a ser dominado pela deusa branca de asas negras, que controlava todos os nossos passos.
Tenho memórias vívidas do teu funeral. Lembro-me do teu caixão a entar na fornalha e lembro-me que não deitei uma única lágrima. Secaste-me as emoções e só depois consegui acreditar no que aconteceu. Ainda não voltei a existir. Ainda sou uma sombra, mas estou a tentar brilhar de novo, com alguma ajuda. Se conseguirei? Não sei. Mas estou no bom caminho.
Estou aqui, sinto o meu corpo aqui, mas não estou em lugar nenhum. Ser etéreo que vagueia nos becos da vida, entidade que existe apenas nos meus medos mais profundos, heterónimo sem graça, poeta sem jeito, operário de palavras vãs, herói de cópia de tragédia grega, com aquele pathos de desgraça sempre a pairar por cima da minha cabeça.
Procuro-me das formas menos normais, felicidade química que é apenas um sucedâneo de alegria.
Fazia tanto tempo que não escrevia, que não deixava as torrentes de desespero inundarem o meu livro de mágoas, que não deixava o meu desassossego apoderar-se de mim, que não deixava os meus fantasmas virem ao de cima.
Fazia tanto tempo que não pensava em ti, que não me lembrava dos teus olhos cravados na minha nuca, na flor que te ofereci no primeiro dia, que não me recordava das palavras trémulas que trocámos naquela noite, nos risos que partilhámos.
Lembro-me da primeira noite como se fosse hoje. Dois adolescentes inexperientes, pedrados até mais não, a tentarem fazer amor numa cama ainda cheia de peluches, a inocência dos nossos gritos, a essência pura do nosso prazer, o medo de sermos apanhados.
Recordo-me da música que nos acompanhou, "Se eu fosse um dia o teu Olhar", música que me persegue até hoje.
Lembro-me da adição. Lembro-me da agulha espetada na carne, lembro-me quando deixámos de sentir, lembro-me quando deixámos de amar. Quando o nosso único desejo passou a ser dominado pela deusa branca de asas negras, que controlava todos os nossos passos.
Tenho memórias vívidas do teu funeral. Lembro-me do teu caixão a entar na fornalha e lembro-me que não deitei uma única lágrima. Secaste-me as emoções e só depois consegui acreditar no que aconteceu. Ainda não voltei a existir. Ainda sou uma sombra, mas estou a tentar brilhar de novo, com alguma ajuda. Se conseguirei? Não sei. Mas estou no bom caminho.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
A Breve Vida de um Louco
Quem seria ele? Cigarro na mão, headphones nos ouvidos, roupa preta, gel no cabelo. Caminhava pela rua meio perdido, sem rumo nem destino, apenas ao sabor dos seus próprios pensamentos. Falava consigo próprio numa língua estranha, não entendia os sinais do seu corpo, o dia esvoaçava e ele nada conseguia fazer. As horas passavam, e ele andava, continuava andando, andava sempre, sempre, sempre.
Nunca parou. Não pedia indicações, não falava a ninguém. Rosto fechado, num quase rigor mortis ainda em vida. A música que ouvia era depressiva, inconsequente, gritos de raiva e de dor de pessoas com menos raiva e dor que ele próprio. Ele era uma sombra sem nome, uma folha qualquer numa imensa árvore de folhas iguais, de impressões mudas e negritude sem fim.
Quem seria ele, pergunto eu, que o observo à distância, como se estivesse na sua mente, como se fosse ele. É uma experiência deveras assustadora, no entanto gratificante. Sei o que ele vai fazer, sei que passos vai dar, não sei porquê, mas não o posso impedir. Uma viagem pelos infernos pessoais de um qualquer homem que não sei quem é, mas que sinto ser mais importante que muitos.
A estrada continua a passar-lhe debaixo dos pés. Flutua, como se não fosse nada. As paisagens sucedem-se, no entanto ele não as olha. Saca de outro cigarro, displicente, como se nada fosse. A chama irrequieta do isqueiro permite-lhe inspirar mais umas baforadas de morte. O cheiro acre do tabaco impregna-se na roupa, mistura-se com o odor a vergonha no seu corpo. Não se importa. Afinal não tem ninguém à espera, nenhum abraço que lhe pergunte como correu o dia, nenhuma palavra, nenhum beijo. Apenas o vazio omnipresente, aquele vazio que ocupa tudo, mesmo os espaços mais recônditos da sua alma. Interroga-se, que Deus olha por ele? Será que existe um anjo da guarda que o proteja? Ou será que tem algum demónio que o ajude? Nada, nada, nada. Um buraco sem fundo, uma porta sem nada por trás, um beco sem saída.
Continuo a acompanhá-lo, sem perceber para onde se dirige, sabendo para onde vai, mas sem saber para onde vai, qualquer coisa assim, estranha e confusa como ele próprio. Emaranhado de emoções discordantes, quarteto de cordas desafinado, uma amálgama de imperfeições e de pequenas derrotas, que todas juntas formam a derrota final. Sinto algo nos seus olhos. Uma lágrima, talvez? Um escape externo dos seus pensamentos mais obscuros? Sei que o seu olhar é vazio, não fixa nada no horizonte, sequer. Limita-se a ser terrivelmente leve, como se já não pertencesse a este mundo. Será louco? Estará completamente fora da humanidade?
Continua a andar. Sinto que o fim da sua demanda está próximo. O que ele procura, não sei ainda. Parou agora. Estamos à beira de algo que se me assemelha a um precipício. Olha uma e outra vez. Atira a beata do cigarro para o chão, pisa-a levemente, a música desliga-se por magia ou apenas porque ele quis que se desligasse. Parece controlar o mundo. Sorri finalmente, parece focado. E depois atira-se, sem mágoa nem remorso. Cai desamparado, os olhos fecham-se. Não sei se está morto, mas está em paz. Encontrou a solução. E finalmente faz-se silêncio completo.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Injectem-me um arco-íris
Adição à felicidade. Estou farto de ser triste e mal-contente. Apetece-me, por uma vez, poder sair à rua e gritar que está tudo bem, que tenho quem quero ao meu lado, que tudo me corre bem e que a vida finalmente me está a retribuir tudo o que lhe dei. Apetece-me deixar de ter sucedâneos químicos da sensação de alegria, apetece-me olhar nos olhos de alguém e dizer que não preciso que me emprestes a tua alegria, que te posso dar um pouco da minha. Apetece-me tanta coisa.
Quero apaixonar-me de novo. Quero dançar à chuva sem me preocupar com o dia seguinte. Quero voltar a pensar com o coração e deixar de ponderar tudo três vezes antes de dizer e fazer. Quero sentir-me vivo, quero que o estado zombie em que me encontro à tanto tempo, à demasiado tempo, desapareça. Quero-te a ti. Quero que o fogo volte, que os sorrisos se multipliquem, que o mundo gire à tua volta, à minha volta - não orbite em volta de problemas. Quero tanta coisa.
Preciso que a música volte a tocar. Preciso de voltar a caminhar com um objectivo, não sem destino. Preciso que o meu cérebro seja desafiado, não que atrofie debatendo problemas insolúveis. Preciso que o meu país, que o meu continente, que o meu planeta deixem de caminhar para o abismo e voltem a ser lugares maravilhosos para viver. Preciso de tanta coisa.
Anseio por saber quem sou. Anseio por saber o que quero. Anseio por saber onde estás. Anseio por um dia em que tudo se encaixe e fiquemos juntos. Anseio pelo momento em que percebas que a felicidade não está em seguirmos caminhos separados, mas em lutarmos juntos para seguirmos o nosso caminho, por mais enviesado que este seja. Anseio por tanta coisa.
Existe tanta coisa ainda por fazer, por descobrir, por pensar, por sentir. Existe tanta felicidade por baixo das camadas de tristeza e desespero. Só quero que me injectem uma overdose de alegria. Injectem-me um arco-íris e deixem-me sonhar.
Quero apaixonar-me de novo. Quero dançar à chuva sem me preocupar com o dia seguinte. Quero voltar a pensar com o coração e deixar de ponderar tudo três vezes antes de dizer e fazer. Quero sentir-me vivo, quero que o estado zombie em que me encontro à tanto tempo, à demasiado tempo, desapareça. Quero-te a ti. Quero que o fogo volte, que os sorrisos se multipliquem, que o mundo gire à tua volta, à minha volta - não orbite em volta de problemas. Quero tanta coisa.
Preciso que a música volte a tocar. Preciso de voltar a caminhar com um objectivo, não sem destino. Preciso que o meu cérebro seja desafiado, não que atrofie debatendo problemas insolúveis. Preciso que o meu país, que o meu continente, que o meu planeta deixem de caminhar para o abismo e voltem a ser lugares maravilhosos para viver. Preciso de tanta coisa.
Anseio por saber quem sou. Anseio por saber o que quero. Anseio por saber onde estás. Anseio por um dia em que tudo se encaixe e fiquemos juntos. Anseio pelo momento em que percebas que a felicidade não está em seguirmos caminhos separados, mas em lutarmos juntos para seguirmos o nosso caminho, por mais enviesado que este seja. Anseio por tanta coisa.
Existe tanta coisa ainda por fazer, por descobrir, por pensar, por sentir. Existe tanta felicidade por baixo das camadas de tristeza e desespero. Só quero que me injectem uma overdose de alegria. Injectem-me um arco-íris e deixem-me sonhar.
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